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Lembro-me da sensação de angústia, tremedeira e medo vivida em todos os poros há dez anos.
Não soube lidar, me entreguei, me debrucei e cai.
No final passei com louvor, a custo de muito suor e memórias indeléveis, na primeria prova suada de vida crua.
Sem muita consciência achei que estava perdendo terreno e tempo estando no lugar errado, fazendo coisas igualmente erroneas.
Tudo ia contra.
A maré, as pessoas, as coisas.
Fui teimosa e nadei contra a corrente para me livrar daquela sensação que me consumia a alma.
Derramei inúmeras lágrimas sem lembranças, implorei apoio farmacológico.
nada, não quiseram me dar.
tive que me virar.
Fui conversar com alguém que não me lembro do rosto,
mas demorou muito em meu frágil entender momentâneo para eu chegar no ponto---tinha muita coisa para resolver antes.
Fiquei naquela poltrona, gastando papéis e cabeça durante um infinto tempo ininterrupto até cair novamente.
E cai.
Não mais conversei com a pessoa que me lembro agora claro como água cristalina.
Agora volto ao futuro, que é o presente se tranformando em passado.
Esta deveria ser a terceira vez.
Achei por um momento que fosse mulher maravilha para segurar o mundo.
Sozinha.
Não sou.
E a vida se encarregou de me avisar isso.
Mostrou-me que eu posso ficar em pé.
não preciso cair
Para viver
Para aprender
Para melhorar
Para recomeçar
Para reavaliar
E que onde quer que você esteja, fazendo seja o que for, seja lá com quem,
Sempre é possível
cair
se levantar
sacudir a poeira
e
dar a volta por cima
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