terça-feira, agosto 16, 2005

Barreirinhas

No Maranhãooooooooooooooooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo



Cidade convidativa a sentar-se a beira-rio e deixar se levar pelas ondas do rio preguiça...a olhar o vai-e -vem das voadeiras subindo e descendo o rio, desde o amanhecer até o pôr-do-sol, a admirar suas cores e sua gente brincando na duna molhada por suas águas.

quinta-feira, agosto 11, 2005

comendo ostras no mangue seco


depois de um longa caminhada desde o povoado até a beira do braço do rio
onde
os cavalos marinhos se escondem entre as raízes rasas
e o prêmio é o mergulho contra a correnteza
nas límpidas águas cearenses

terça-feira, agosto 09, 2005

Sou uma formiga

Me lembro do verão de 1994, quando parti com minha amiga Lu e seu amigo espanhol Manuel dentro de um ônibus que nos levaria a Chapada Diamantina(BA), onde encontraríamos tantos outros amigos. No final, para chegar ali, estivemos dentro do ônibus por 36 horas. Dentro desse mesmo ônibus, passamos juntos o Natal de 1993.
Lá na Chapada passamos bons momentos em caminhadas e cachoeiras, inclusive na caminhada da cachoeira da fumaça, que levava 3 dias até completar todo o percurso. Foi uma das passagens de ano mais marcantes da minha vida: todo grupo deitado em uma grande rocha olhando para aquele céu estupidamente forrado de estrelas. Tomamos 3 garrafas de vinho para comemorar a chegada de 1994, mas acho que só consegui tomar uns 3 goles pois era muita gente e pouco vinho. No final todos nós dormimos antes das 22hs na noite de 31 dezembro de 1993.
¥¥¥
Volto para o presente e vejo essas pessoas embarcando com artefatos indígenas, me lembro que estou em Belém do Pará! Gente entrando e saindo do avião.
Ainda temos que parar em São Luis do Maranhão para chegar em Fortaleza e agora que o sol foi dormir, não terei mais o espetáculo da natureza conversando comigo nessa longa e solitária viagem.




visão de parte do rio amazonas do avião


Quando o ano de 1994 nos deu boas-vindas, e o tempo das caminhadas terminou, lá estava eu mais uma vez levando todos os amigos até o ônibus para me despedir pois eu ficaria mais tempo do que o planejado. Todos se foram e somente eu fiquei.
Chegada minha hora de partir, fui de encontro a dois amigos italianos, Simone e Lucco, que estavam no sul da Bahia.
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Adeus sombras e siluetas de Belém...
raios no horizonte
pista de decolagem a nossa frente
tudo iluminado
as estrelas em Belém brilhavam e piscavam para mim nesse rio de cores
atrás das nuvens o sol ainda dava um último suspiro

até aqui 3 sanduíches, 2 sucos, 1 água e inúmeras balas...

Essa peregrinação toda me remeteu à minha viagem de retorno da Chapada. Solitária, levei 24 horas nas estradas do interior bahiano entre baldeações e trechos mais longos. Passei essas 24 horas muda praticamente, pois entre uma soneca e o acordar na próxima parada, as pessoas que sentavam-se ao meu lado mudavam tão rapidamente, que não tinha tempo hábil de sequer cumprimentá-las...dessa vez até aqui não sentou ninguém do meu lado...

quem cara paca compra, paca cara pagará

Deixei Manaus toda encoberta, coisa rara de se ver desde minha chegada em julho. Alçamos vôo e mal podia ver a cidade que logo foi engolida pelas nuvens.
Passado um tempo vi as praias de Santarém saltarem no meio do tapete de nuvens e depois vi e a imensidão de água a 10 mil metros de altura até a outra margem chapiscada de tantas outras praias. Avistei um barco lá no meio, nesse momento eu pude avistar com nitidez as árvores e seus troncos brancos se contrapondo às copas abundantes esverdeadas, vi casas e estradas de terra, barcos nas praias e ali naquele momento desejei ver gente, pequenas como formigas se movimentando no chão.
Não conseguia tirar os olhos daquele mar de árvores cortado de vez em quando por uma estrada marrom que dava no infinito verde.
Parada em Santarém e troca de assento. Logo sentou ao meu lado uma criança e sua mãe que, não conseguindo afivelar o cinto do filho, me pediu ajuda e observou bem para aprender e afivelar o seu. Assim foi com a mesinha de comer pois estavam na 1ª fila e além de não ter idéia de como fazer, sequer agradeceu...acho que por isso nunca soube o nome do meu pequeno vizinho.


Uma curiosa visão limpou minha vista: como as nuvens se pareciam tanto com a terra?
Minha alma estava suspensa nas nuvens e por elas eu caminhava seguindo o avião...


Nunca havia visto nada tão grandioso como a visão do rio Amazonas antes de pousar em Belém do Pará, perto de Muana e depois de Pina. Estávamos a 2000 m de altura e eu podia distinguir as copas das árvores, ônibus, telhados, barcos e até uma fogueira! Eu via tudo inclusive pequenas formas geométricas coloridas de divisão de plantações e terrenos.
O rio Amazonas parecia não caber dentro dos meus olhos!

Que estranha força silenciosa tem a natureza.

No meio do rio pequenos pontos brancos me chamaram a atenção, o sol se punha banhando com sua cor as marolas que se formavam no rio, que corria lento e preguiçoso.
Eu havia saído de Manaus há 4 horas somente, o relógio indicava 18hs.
Próxima parada: São Luis

segunda-feira, agosto 01, 2005

Barco


Dessa vez seriam 36 horas para voltar a Manaus, pois estaríamos subindo o rio.
Logo cedo, dia seguinte a última noite de festejo do boi, subi no barco para armar minha rede e garantir lugar bom na volta.
Depois das despedidas, meu irmão Gui subiu comigo, ele ia ficar no meio do caminho. Lana e Joanice vieram pra dar tchau, até a próxima!
lembranças da vinda vieram com as marolas do barco, sono, sonho:

com levi, indiozim sapeca que não parava quieto no barco.



coragem dos barqueiros em levar um freezer pra uma comunidade dentro de uma voadeira.



com a paisagem que nunca seria noiosa pra mim, alvo de muitos desenhos.





meu 'quarto' cheio de redes (inclusive a minha) e seus barulhos noturnos.




e tantos outros esses que não tem no nome, mas nas curvas do rio...

cidade sem S num amazonas com S

Dia de partir.
Malas prontas.
Olhar longuínquo,
cabeça com o pensamento no lugar que, dentro pouco, não mais habitaria meus dias.
As ruas,
as lembranças de tão pouco convívio e tão profunda marca,
em um só lugar,
tão simples.

Cidade das bicicletas e motos na rua,
carros pude contar nos dedos quantos tinham na cidade, até atrapalhavam!!
Cidade do tucano filhote criado no quintal,
alimentado de miolo de pão molhado e resto de sementes e frutas esquecidos no chão.

Cidade do forró regional tocado no palco montado pra festa, pertencente a paisagem que dava adeus ao sol que se deitava todas as tardes.

Interior amazonense que me recebeu como se eu fosse amiga e conhecida, que me mostrou sua festa mais importante, onde conheci o boi preto e o boi branco, amigos-inimigos, vizinhos parentes que dividem e reúnem a cidade num jogo paradoxal entre alegorias, música e cores.



Lugar onde mora meu irmão mais novo e sua mulher, onde eles trabalham e se relacionam, relacionando sua origens e bagagem com aquilo e aqueles que veem e vivem ali. Lugar de risadas, lembranças, histórias, comida boa, tranquilidade, sol, sol, sol, sol, calor, calor, calor e claro, calor.

Onde se pode ir à casa do parente da amiga pegar laranjas e na volta ganhar limões para um refresco, na tentativa de aplacar o calor. Onde se vê quiabo de dois tipos, onde se chega a andar de moto em 4 mulheres. Onde se sai a noite de bicicleta e a pé.


Um lugar onde o tempo é outro daquele de onde venho, onde o tempo tem seu
próprio tempo
.


lugar de Gui, Lana, Mara, Evaldo, Tot, Sarah, Joanice, marido,filhos e netos, dona Leonor, Ciria, Andreinha, boi preto e boi branco...