quarta-feira, dezembro 22, 2010

neste mesmo lugar


Conheci estas pessoas em um mesmo lugar.

Cada um, ao longo do tempo de convívio conquistou o direito de ter seu lugar reservado dentro de mim e da minha história.

Olho para cada um nesta noite e consigo decifrá-los como se os conhecesse há anos.

Meu irmão, há uns dias, me disse que não precisava mais de amigos e que sua disponibilidade, abertura e paciência para que novas pessoas populassem seu tempo para conversas e trocas regados a cervejas por exemplo, estavam esgotadas.

Paro e observo a bagunça que serve de pano de fundo para a música que germinou de mais um encontro feliz neste mesmo lugar.

No meu caso, tenho que discordar de meu irmao e sigo no barco do que ensino ao meu filho: nosso coração tem espaço para muita gente. Neste momento meu coração está aberto para receber estas pessoas que encontrei neste lugar.

Foi neste mesmo lugar que ganhei o mais valioso dos presentes: meu amigo amante, que decidi levar comigo nessa caminhada não importando por onde esta confusa estrada nos levará.

Hoje me emociono com insistentes lágrimas que escorrem pelo rosto daquela que considero outro presente, que me recebeu e a parceria se fez de maneira tão natural. Tantos presentes em tantas pessoas, cada qual com sua particularidade e seu valor.

Lágrimas estas que marcam o final de uma fase, tão boa de trabalho duro, bons resultados, risadas recheadas de bom humor, vital e momentos difíceis, de ricos encontros nos jardins ensolarados neste mesmo lugar.

Neste mesmo lugar conheci gente que quero levar para minha vida, conheci gente que sei que não levarei, mas que ficará comigo de algum jeito, independentemente do que acontecerá em um eventual amanhecer cinzento, onde sera difícil reunir forças para se manter nesse mesmo lugar.

Ali aprendi, mais do que nunca, a exercer os princípios que levo comigo, a me enxergar como profissional, aceitando desafios a cada dia. Exercícios de ética, bondade e paciência permeam meus dias para chegar nesta noite com a sensação de nada saber: sei apenas ser eu sem melodramas nem politicagem. Puramente eu.

Hoje sei o quanto me faz bem estar perto destas pessoas que riem ao meu lado e me alimentam com sua alegria de simplesmente estar junto, que fazem a música que me inspira neste momento e que me dão a certeza que preciso ao saber que nelas encontrarei o apoio que preciso.

Quando precisar.

sexta-feira, setembro 17, 2010

AMISTAD


Amigo é insubstituível, não se compra, não se vende.

Chacoalha quando precisa chacoalhar.

Amigo cuida.

Dá colo nas horas difíceis.

As vezes a única coisa que precisa fazer é ouvir, sem dizer nada, e depois dar um abraço, daqueles que te fazem sentir único.

Amigo não se compra, não se vende e nem se aluga.

Chora junto e abraça, mesmo que virtualmente.

E não há distância que seja suficiente para separar a amizade de verdade.

A tecnologia invade e rompe toda e qualquer barreira.

Amigo pode ser do passado, do presente e até no futuro.

Nao há lacres, rótulos ou normas. Amigo se identifica, se encontra.

No fundo é a família que escolhemos e levamos conosco, ali naquele lugar especial, do lado esquerdo do peito, ja dizia o poeta.

Amigo te aguenta. Amigo te aceita.

Amigo te conhece como poucos, e ouso dizer que amigo às vezes saca mais de ti que você mesmo. Por isso que, por mais doído que seja, ele fala o que você precisa ouvir.

É um grande referencial de vida.

É um grande porto seguro.

É o grande exercício de exercitar-se como pessoa.

O uivo do vento espanta as palavras que soam como o mate amargo levado pela forca do vento

A adaga esfumacante ensina que o salgado da lágrima so afasta as duvidas surgidas da neblina

O cavalo branco foge e seus cascos estao enlameados, o controle das redeas é falso e o tombo por fim acontece

A floresta escura se apodera da sensaçao que toma conta do controle, do falso controle de controlar

A sensibilidade aguçada perde seu proprio controle, se esvaindo por onde encontra alguma fenda

E a vontade de deitar, fechar os olhos e esquecer, é o que predomina

Transbordar

Esgotar

Frio

Falar

Recomeçar

Buscar

Força

quarta-feira, setembro 01, 2010

Metro é a medida do verso


Ele me disse: ‘Para mim teus textos não tem métrica, acho que são um desabafo’,

‘Para mim está bem’, como se ele completasse antes de retomar a música com o violão.

Para mim não. São textos vindos lá de dentro. Estão prontos, e pronto!

Eu só os coloco em ordem de modo que fiquem claros.

Como David de Michelangelo: ele estava lá dentro do mármore, disse o artista.

Para mim, os textos e as palavras estão dentro de uma caixa, que quando é aberta,lá vem tudo junto, numa tacada só. Bom ter lápis e papel a mão, senão elas escapam e tomam a janela ganhando o mundo. E sem recuperar as palavras fugidias que escapam de minha compreensão, no final ficam sem o devido sentido.

E corro o risco de ficar na mão, esperando a próxima visita me deixando envolver pelo timbre de sua voz entre o dedilhar das cordas musicais.

só isso


Não me canso de mergulhar nos teus olhos

Olhos cor de mel, mel da boca, mel de sal, mel de sabor...

Escorrendo assim

Na vã esperança de entrar lá no fundo, nas partes mais escuras e escondidas

brincar de achar, de esconder, de descobrir...

E roubar um pedacinho de tua alma, doce alma, que tenho tido dicas de onde está e como é

Para guardar comigo, assim juntinho do peito,

Abraçando forte, bem forte,

E assim aplacar essa fome de ti

Fatiando a minha alma.

quarta-feira, agosto 25, 2010



A lua brilhante, gigante no ar

A lua aluciante brilhante

A lua que me lembra aquela lua inocente faceira do mar

A lua silenciosa em estouros de luz

Lua marcante

Lua sensação

Sensação doída de saudade

Tá longe, tão perto

acalenta, ralenta, acalma, afoga, a lua lá em cima

causa furor, causa beleza

que reflete aqui embaixo

ora gorda, vermelha estupenda, queima o céu vespetino já rasgando seu horário

dividindo o improvável céu com o sol poente

ora linda prata

única dona do céu, só ela

lá em cima, reina na imensidão do lençol de estrelas

trazendo a saudade e a ligação

serve de presente

serve de admiração, serve de polêmica e desejo

a lua

de queijo

de crateras ou simplesmente de curvas

a lua e seu inseparável véu celeste

só ela

a lua

sábado, agosto 14, 2010

para L.

Eram duas meninas, que se encontraram não sei como na vida. Fato é que se identificaram e se tornaram muito amigas, tão amigas que se amavam como irmãs. As confidencias trocadas desde o início da amizade iam das intimidades familiares até questões e dúvidas relacionadas a meninos na época de escola. Ambas tinham uma doçura aparente, tinham uma bondade em relação ao mundo intrínseca marcada na alma, acredito que isso as aproximava também.

Seus gostos estavam se formando, eram meninas na escola, iam a festas, davam risadas juntas na hora do recreio, se ligavam sempre pelo telefone em uma época que não havia celular, e até os familiares já conheciam a voz da amiga quando atendiam o telefone, tinham amigas em comum e seus irmãos mais velhos estudavam juntos. Eram familias simpatizantes.

Era um tempo onde as preocupações eram outras, o que tinha dentro do horário escolar além da vida social, era o tempo que passavam juntas, os convites para ir pra praia, a troca de amizades fora do círculo da escola em programas divertidos, o cinema no final de semana, os almoços na casa alheia, as aulas de direção, os paqueras nas festas, as infindáveis horas trancadas dentro do quarto apenas conversando e tantas outros momentos são coisas que ficam impressas na memória do coração de cada um.

Há lembrancas que por uma razão ou outra te marcam tão fortemente que, apesar de deixar o momento vivido guardado em uma gaveta lá no fundo da memória, quando aberta, se tornam tão vivas quanto o exato minuto que foi presenciado. Isso acontece com cheiros, músicas, bilhetes guardados e até fotos.

Falo por uma das partes da história, a menina que estudou em um colégio onde a professora, falecida ela, não notou sua miopia quando ela reclamava não enxergar o quadro negro em momentos de bronca e não foi escutada. Isso a magoou profundamente a ponto de desestimula-la em sua vida escolar, mas intrigantemente, ganhou amigas muito dedicadas ao estudo e disponíveis suficientemente para serem verdadeira amigas e ajudar no caminhar desafado da vida escolar.

Divido aqui um destes momentos, quando por ocasião de uma prova de Biologia, a querida amiga estudiosa e muito espirituosa fez em conjunto comigo, uma música que nos ajudasse lembrar da referida doença ao verme que a causava. Cito este fato pois, depois de vinte e dois anos sou capaz de cantar a referida musica, como se estivesse no patio do colégio onde estudamos, ali perto da lanchonete da Dona Egle, no exato local onde criamos a tal da musiquinha.

Claro, os anos passam, e as amizades de colégio nem sempre perduram. Vem o caminho natural da faculdade e busca de interesses mais específicos na vida. Outras amizades são agregadas ao convívio diário, novas experiências são vividas, objetivos são traçados, a vida se torna um pouco mais séria e o dia a dia do colégio passa a ser uma doce lembrança.

Das amizades de colégio, conto com orgulho nos dedos de uma mão quem trouxe comigo e aprendi a cultivar dentro de uma nova realidade de vida: amores achados, amores perdidos, trabalho, casa, filhos, cachorro, supermecado e contas a pagar.

Pois é, no meio dessas andanças, uma das amigas foi conhecer o mundo, morou um pouco no exterior, fez e aprontou, mas acabou voltando para seu país. A outra amiga se mudou depois, mas se mudou mesmo, ela foi conhecer suas raízes e por lá ficou. Não que isso tenha as afastado, pois a comunicação nunca cessou, a ponto de confidencias sobre coisas muito importantes serem trocadas mesmo com um oceano de distância.

Mas acredito que as atribuiçoes diárias da vida de cada uma, a distância, os afazeres no trabalho, as responsabilidades com filhos, mas principalmenteta falta de tempo são fatores cruciais para criar um silêncio entre duas pessoas que foram um dia, tão próximas.

O que fica é a saudade, a melancolia de poder ter tido alguma atitude diferente em algum momento desajeitado, uma palavra que poderia não ter sido dita em relacao ao teu filho, um desencontro gigantesco dentro do pouco tempo disponível para esta amizade.

Sabemos que com esse mundo globalizado, as coisas se tornam mais rapidas, mais fáceis e velozes, mas isso tambem tirou o tempo de degustar as pessoas, de encontra-las com tempo para desfruta-las da maneira mais apropriada que merece uma amizade.

O que fica é a doce lembrança daquela pessoa tão especial e vontade de ter uma resposta ao seu email, ao seu oi assim, só para saber mais daquela que tem seu lugar marcado no auditório das amizades, das verdadeiras amizades.

Assim, o silêncio do lado de lá é abafado com músicas para a prova de Biologia, com fotos dos tempos de colégio, com notícias esparsas da nova familia formada nesse pais tão distante.

Pois no final, se a distancia nos mata, não permitirei jamais que o tempo mate o que sinto em relação a essa pessoinha.

domingo, julho 18, 2010

Por alguns meses enganei a mim mesma dizendo estar a busca de um tema que me motivasse a acordar novamente o blog, mas em vão, pois as idéias invariavelmente vinham no meio do trânsito, quando contava uma história muito importante na qual nao podia deixar o heroi se acidentar, durante a depilação ou mesmo no almoço com colegas de trabalho. Esse motivo a que me refiro pode vir com um odor captado momentaneamente da cozinha do quilo da esquina, pode vir com a observação desapercebida de crianças atravessando a rua ou mesmo com algo corriqueiro que acontece tanto e com tanta gente, que dá vontade de escrever sobre.

Mas como nem sempre tinha caneta e papel na mão, comecei a usar de recursos tecnológicos para conseguir registrar minimamente as idéias que borbulhavam e seguem transbordando na, e da cabeça.

O que postarei a seguir será basicamente uma retomada do blog, há tanto abandonado em nome de outras prioridades como a vida familiar, o trabalho e a cruel falta de tempo.

segunda-feira, maio 17, 2010


Silêncio,
a noite cai,
o coração esfria
o receio de trancar a porta
na esperança da volta se faz presente
difícil decisão
ser fria
ser racional
ser emotiva
volta doída
sinto não seria inteira
acho que nunca
seria
talvez não fosse para ser
e a sombra do não
assombra as mãos dadas
que até há pouco caminhavam
na mesma direção
não fecho os olhos
com medo de ver o amanhã
e não enxergá-lo...

quarta-feira, maio 12, 2010

...

pés frios,
alma vazia,
jogo na tv
sopa na geladeira
boca seca
olhos turvos,
saudades...

domingo, abril 04, 2010

Provérbios achados no fundo do baú

1) Aproveite bem o tempo. Ele é nossa mais importante riqueza.
2) Ninguém se convence com palavras --mas sim com realizações.
3) O medo de errar é a morte da democracia e inimigo do progresso.
4) O engano é privilégio dos que sempre tomam iniciativa.
5) A quebra de rotina é o caminho para o progresso.
6) A experiência é a desculpa de quem não quer tentar algo novo.
7) O trabalho não deve ser um mero cumprimento de tarefas.
8) Um futuro chefe é uma pessoa entusiasta para quem o impossível não existe.
9) Quem desconhece os problemas é quem dá soluções caras para eles.
10) Quase tudo está por ser feito. Portanto não admita que haja coisas impossíveis de se fazer.