quarta-feira, julho 23, 2008

piccolo racconto

Tarde ensolarada de terça feira:o cachorro pulava frenticamente em um interminável vai-e-vem entre o banco da frente e o banco de trás. O sol entrecortado pelas siluetas dos prédios nos iluminava de maneira initerrupta. Sentada no banco do passageiro, observava tudo calmamente. O dia estava calmo, dentro e fora do carro.
Ela dirigia tranquilamente enquanto aproveitava os sinais vermelhos para arrumar seus cabelos amanhecidos da lavagem. A hora passava e o caminho errado não abalou sua tranquilidade: fez o contorno, buscou o caminho de volta sem deixar de cantarolar.
Quando finalmente chegamos à pequena vila ensolarada escondida no meio de uma agitada rua nos jardins, parou o carro em frente ao portão para se identificar, quando se deparou com aquele fio branco que jazia em um contraste gritante com o azul de sua calça. Ela não conseguia disfarçar o choque da descoberta. Curiosa, pegou o fio entre os dedos indicador e polegar e o colocou diante de seus olhos estarrecidos a fim de analisa-lo com mais apuro.
Diante do que via, meu constragimento me impulsionou a olhar para outro lado disfarçando instigada com o desenrolar de toda a cena.
Murmurou algo como " não é do cachorro, é muito longo para ser dele, então só pode ter caido da minha cabeça". Tão jovem, ela não esperava tal descoberta: os fios de cabelo branco começavam a brotar em sua cabeça inexperiente. Imediatamente ela fez a previsão dos próximos passos: ela não pintaria, ou 'enlouraria' como dizem por aí: ela assumiria cada fio novo, por mais que demorasse para digeri-los em sua presença ameaçadora entre seus longos cabelos escuros.
Em um ataque de egocentrismo aliado à vaidade extrema, puxou o espelho retrovisor em uma vã tentativa de controle do aparecimento de outros eventuais fios. Ajeitou o cabelo como se precisasse ajeita-lo da melhor maneira possível, assim ela poderia resgatar os tempos sem eles, os fios brancos.
O sol batia em seus lindos cabelos, e ela continuaria radiante apesar de sua nova realidade.

terça-feira, julho 22, 2008

flashback


Creio que faz um ano que estive nesse mesmo lugar esperando a mesma pessoa, só que agora tenho a companhia do Gusmão, sorridente não para de abanar seu rabo para todos que passam e falam com ele tentando fazer amizade.
Hoje o clima esta propício para me livrar da jaqueta jeans que pesava em meus ombros.
O barulho me parece o mesmo, só que acrescido de ensurdecedores motores de motocicletas que insistem em passar pela avenida acelarando seus motores.
O tempo passa, rio e bebo com um casal de amigos que logo é substituido por uma amiga que há muito não via: recebo um telefonema que tornará minha espera mais breve, mudanças de planos e o tão esperado encontro ficará para outra ocasião...mas quando?
Termino meu chopp, pago a conta após comer o último pastel de queijo da travessa, me levanto e sigo com Gusmão até minha casa, dessa vez sem encontrá-lo.

domingo, julho 20, 2008

A vida é uma bela jornada, se for um processo de constante aprendizagem e investigação. Então ela é excitação a cada momento, pois a cada momento você está abrindo uma nova porta, está entrando em contato com um novo mistério.

(Osho)

sábado, julho 19, 2008


In cammino
I segni della notte dura mal dormita, gemendo nel corpo stanco.
Con gli occhi segnati dal sonno, ascoltare il tintinmio dei grilli notturni, causa il ritardo del risveglio- il corpo chiede riposo.
Il giorno finalmente albeggia e con lui il non rinviabile dovere di camminare.
Svegliarsi, sgranchirse, profumo di caffé, saltare giú dal letto, rumore, gente, un cane e sopra le nostre teste, il cielo stupidamente azzurro sfidando il dificile compito.
Tutto preparato: protezione contro il re-sole, nello zaino appena il necessario, idratante per il corpo e coraggio per l' anima.
I primi passi silenziosi danno inizio alla lunga caminata sofferta nella mente ma poco sentita nei muscoli. L' ombra dei grandi anacardi rende ameni i passi nella sabbia morbida fino all' ingresso.
Case di nativi cominciano a scoppietare lungo il cammino distraendo la vista mentre il sole abbraccia il corpo deciso.
Ultima curva di sabbia bianca, ultime case. Molto giá percorso. Le possibilitá di ottenere un ultimo bicchiere d' acqua per il corpo in marcia stanno svanendo, ma il ritmo non diminuisce e la possibilitá di qualche sosta é scartata.
Dopo un piccolo bivio segnale di veicoli motorizzati nella strada sabbiosa offuscante: una moto tipica della regione e un' auto utilitária porta con se la stranezza di essere diversa dalle macchine appropriate al terreno difficile.
Seguo in silenzio, di fronte la strada do terra battuta lascia la sabbia morbida indietro, riempiendo gli occhi con il paisaggio bucolico a perdita di vista.
Continuo in compagnia di me stessa.
I miei piedi sono il mio transporto.
La mia mente le mie ali.
Guardo la strada, abbandono i sandali, sento il sole, sento il suolo.La ghiaia ferisce la pianta dei piedi callosi, ma subito diventa un scherzo di sensazione tattile.
Senza vento, sento la mia respirazione e permetto al sole di abbracciarmi sempre piú forte. Guardo nuovamente i miei piedi e scopro un camminare sicuro sul suolo vermiglio e secco. Alzo gli occhi e il verde abbraccia le vacche che ruminano ignoranti della mia presenza.
Rompo il silenzio quando saluto il bimbo cha attraversa la strada senza levare gli occhi da questa curiosa figura che cammina lungo la strada. Sono loro due: lui nella pastorizia e lei diretta all' orizzonte. Una traccia di occhiate, una parola amica e mai sapró il suo nome o cosa lui ama. Un accennato saluto che rompe il silenzio stanco del caminare ostinato.
Seguo dentro di me e vedo ampi spazi, dentro e fuori.
Il dondolare della braccia diventa anestetizzato dalle innumerevoli volte che il movimento si ripete. Non do attenzione alle gocce che insistono a cadere. Il cammino diventa gentile e la mente fluttua attraverso i contundenti raggi del sole. Non sento piú il dolore della ferita nella gamba che tarda a rimarginare.
Passo a passo l' aria cambia colore e avvisto il primo tetto. Riconosco la prima casa e tardo a credere che chilometri sono stati percorsi e non sentiti.
Non vedo anima viva fino a raggiungere il paesino dove poco a poco incontro movimento.
Cammino icognita ma vengo percepita.
Osservo ragazze che escono da una porta di legno dipinto ai bordi della strada e riconosco un viso. Rompo il silenzio con parole di vicinanza. Mi restituiscono sorrisi e passi affretati.
Mi concentro nella casa conosciuta. Oltrepasso il cancello e chiamo. Nessuno appare. Un viso timido si affaccia alla finestra. Con il riconoscersi un sorriso.
Accolta su di una vecchia sedia vicino al focolare a legna, bevo un caffé con bambini festosi intorno a me.
Ascolto storiele raccontate nella difficile lingua locale quase incomprensibile a orecchie disabituate.
Paradossalmente mi sento a casa e allo stesso tempo fuori da questo mondo rustico. I miei occhi girano ubriachi con ció che vedono. I bambini che corrono, il pozzo pieno, il caso della figlia che quase morí, l' orto, la latrina lontana dalla casa, le amache appese, il bimbo che mangia sardine alla brace per colazione, la madre che sorride offrendomi un' altra tazza di caffé.
Questo bello scambio umano.
Fino ad alzarmi e riprendere il cammino
.

terça-feira, julho 15, 2008

ELE

eu me rendo!
ele me recebeu todo amoroso, cheio de carinho feliz da vida, me reconheceu após longo período sem nos vermos.
ajudei a pegar suas coisas e ele foi comigo para casa.
no começo essa estranha presença, presença de peso, pois onde eu ia, lá estava ele, olhando feliz para mim.
saímos todos os dias desde que ele chegou, passeamos e ele sempre se demostrou muito feliz e apesar do cansaço, nunca pediu para parar, pelo contrário, sempre queria mais.
em casa, sempre carinhoso, queria estar perto de mim, e, ao menor sinal de abrir a porta, lá estava ele, louco para ver o que tinha ali fora.
sempre atrás de mim, sinto que ele nao mais vive sem estar desesperadamente perto.
lembro do pequeno príncipe que sábia e insistentemente nos lembra que nos tornamos enternamente responsáveis por tudo aquilo que cativamos.
aí ele pegou pesado, mas tenho que admitir que ele está coberto de razão.
e estamos completando nosso terceiro dia de gusmão em nossas vidas, certo que é um test drive, mas lucas já o chamou de 'meu' assumindo seus sentimentos abertamente, em plena luz do dia!
acho que vou ser dobrada por sua doçura, quem sabe se a minha alergia não falar mais alto...
é um investimento sentimental.
mas ele está me dobrando por seu amor incondicional e suas atitudes tão espontaneas e fofas!
de graça é que ele não apareceu em nossa vida,
pois ele esta aos meus pés, literalmente,
quem sabe daqui a pouco não será ao contrário?
e acho que só o tempo dirá!

sábado, julho 12, 2008

são luiz do paraitinga



É uma cidade do interior, quase me esqueço.

Sento-me na praça da igreja.

As pessoas passam cumprimentando-se e fazendo brincadeiras cúmplices de velhos conhecidos.

Os meninos jogam sentados no coreto onde o sol não castiga.

Buscando toda esta paz externa que vai entrando aos poucos pelos poros, tento retratar em palavras tudo que sinto.O silêncio interno é quebrado por uma vozinha infantil que senta ao meu lado chateada da vida.

De mãos dadas, caminhamos juntos pelas ruas da cidade, um grupo de meninos de idades parecidas explora o quarteirão adjacente à praça central. A sombra das contruções coloniais alivia nossa pele dando mais impulso para a caminhada em aclive na cidade histórica.
E passeamos pelas ruas de pedra, descobrindo as cores, os cheiros, os sons e pessoas dali.

Somos ilustres desconhecidos, o que nos dá uma liberdade imensa de caminhar sem compromisso.

Tudo é tão calmo e tranquilo dentro e fora nesta aconchegante cidade do interior.

quinta-feira, julho 03, 2008

Pena estar tão cansada
pena ter que mexer com essa papelada
quando queria estar te abraçando
pena você não estar aqui
pena ter que ir viajar sem te dar um beijo
pena estar frio
bom descansar
bom terminar tudo isso
seja a hora que for
bom ter saudades
bom ir e depois voltar
bom buscar o sol
para que beije minhas faces
em outras paisagens
montanhosas
frias e longínquas
para depois voltar
mais uma vez
voltar

quarta-feira, julho 02, 2008

tarsilica
esbaforida, imaginei que estava atrasada, mas ainda tinhamos tempo, cheguei com carro emprestado e troquei Lucas por Hera no banco traseiro, que nesta viagem iria todo forrado.
a clinica era discreta, subi a rampa de acesso ao estacionamento pensando na descida segurando Hera no colo, ou puxando-a dentro de sua dolorosa locomoção. chegamos à porta, pedi o elevador, pois ela não conseguiria subir as escadas. ao sair do elevador, demos de cara com um labrador e um rottweiler. o segundo logo se levantou e ameaçou a presença dela no ambiente. não que ela não tenha levantado suas orelhas e mostrado os dentes, mas eram dois cães de porte pesado e não seria muito fácil contê-los.
passamos pela recepção e logo vieram os elogios, com ela é grande e que bonita ela é.
sentamos na sala de espera: relaxei, mas Hera continuava ofegante.
esperamos
esperamos
até que fomos chamados para o ultrassom. este sim foi uma ginástica, pois tivemos que virar Hera de modo que sua barriga ficasse para cima, ela sem entender muita coisa, deixou que a puséssemos em cima da maca com as patas para cima enquanto sua barriga era tosada para o exame. o tempo foi passando e com ele sua paciência de cão. a dificuldade de segurá-la teve de ser amenizada por palavras tranquilizadoras de alguém conhecido.
descemos da maca, passamos novamente para a tal da recepção. nessa hora pensei em tudo que vivi com Gaia, será que eu passaria tudo que passei com a mãe da Hera novamente? seria eu capaz de me afeiçoar de tal maneira a sofrer perdas como a da Gaia?
eu vi a Hera nascer, alias só nasceu por que desisti de ir para a faculdade a pedidos insistentes da prenha Gaia, que não me deixou em paz até que eu me sentasse ao seu lado e ela começasse a parir todos aqueles lindos filhotinhos. ela não deixou mais ninguém chegar perto a não ser eu.

que situação: todos os seres humanos da sala sentados ali, naquele mesmo ambiente, cada qual com sua coleira, sua caixinha, seu cobertor, sua roupa canina, segurando seu pertence. mas claro, todos eles recebendo cuidados, mas sem exceção, presos, todos eles. quem levava quem na coleira afinal? estava tão mergulhada naquela situação, era de fato a única que conversava com seu bicho de estimação.
mas mesmo assim me sentia à parte daquele ambiente canino: não era dona da Hera e nem era minha aquela realidade, estava ali apenas para cuidar da herdeira de minha dona, Gaia. Era uma realidade momentânea apenas. os donos, tendo suas preocupações cada qual em sua cabeça, segurando seus 'animais de estimação'. tive vontade de soltar a Hera na natureza, mas perai: que natureza ela pertence a não ser essa natureza urbana caseira? ela não é um leão criado em cativeiro que possui seus instintos mais selvagens. não seria cabível deixar um pastor alemão na mata para viver, não é da natureza deles!
só aí e dei conta que não podems fugir disso, dessa realidade urbana sócio econômica: bichos de estimação também vão aos 'fleurys' de cachorros, tiram sangue, fazem ultrassom e tem que esperar os laudos na sala de espera.
sim, são os mesmos bichos que frequentaram nossa casa desde que éramos crianças, que circulavam tranquilamente nos cômodos e entre as visitas, eram dóceis e, quando escapavam para a rua, logo voltavam depois de explorar a vizinhança. aqueles bichos que comiam os restos de nosso almoço ou jantar, aquele bicho que ia no nosso carro viajar conosco porque éramos incapazes de deixá-los abandonados em casa, e que nossa maior diversão era dar banho nele nos finais de semana.
nem por isso tivemos doenças e fomos maltratados pelos cães que eram parte de nossa família.
certo que continuam fazendo parte da família, mas vejo-os com mais cara de 'pertences' que aliás custam muito caro, pois a ração tem que ser de primeira, o pet shop tem que marcar hora e veterinário recomenda extração de dentes e exames de ultrassom e sangue em jejum.

estamos deixando nossos bichinhos de estimação cada vez mais parecidos conosco?