sábado, outubro 28, 2006


pensar na vida, pensar no que fazer, pensar com quem fazer, pensar que toda segurança é insegura.
o saber des-sabido [sic] descabido nos dá medo.
hoje li uma frase que me fez pensar:
o único sentimento real dentro de nós é a alegria --os outros são frutos de nossa mente.
é isso aí, porque não cultivar a alegria que temos ao invés de encontrar os outros sentimentos que não temos dentro de nós mesmos, mas criamos?

de dois em dois

pozzolli rabiscando

ele, de boné caqui e camiseta impecavelmente branca.
ela, com seu casaquinho azul sobre os ombros e tiara nos cabelos anoitecidos pela idade.

a ternura exala por seus corpos cansados . da vida.
o sol bate fraco mas o clima é quente, seus corpos frios se movimentam, trocam o calor pelas mãos dadas ao atravessar a rua.
agora os vejo sentados perto da porta do metro , o que será que eles esperam tão pacientemente?

ele, com as mãos entrelaçadas apoiadas nos joelhos.
ela, as mãos cruzadas sob as pernas.
seria a convivência que os fez tão parecidos em seus gestos?

alguém passa e os cumprimenta.

a espera continua.

até quando?

pozzolli criando

de tudo nada sei

.

Esta noite quando tentei descansar a cabeça nessa segunda feira molhada, percebi que meu coração se partiu ao meio e minha mente, num turbilhão, misturou lugares e pessoas quase não cabendo tudo em mim.
Fiquei inquieta por mais que Tchaikovsky tentasse acalmar meus ânimos, a perspectiva de criar raízes --por mais assutador que pareça, traz consigo a vontade de desatar o laço do doce desconhecido.
O vivido parecido, a conquista do conquistado.
Por um instante os meses vividos no Ceará me pareceram uma vaga e saborosa lembrança --seria eu capaz de não voltar?
Estou aqui com o próximo destino marcado: Bolívia, que me traz sim o verdadeiro sentido das raízes, longínquas, amorosas, fortes, com pessoas importantes e queridas.

Como que me me despedindo dessas paredes, o desejo de olhar para as minhas próprias aumenta, aumentando assim a vontade do amanhã.
Meu canto, nosso canto.
Tão perto, tão sonoro.
E o friozinho na barriga perdurará até tudo se concretizar.

[Acordei e minha alma e meu corpo estavam triturados--eu pesava 5 toneladas, seria o peso da consciencia literalmente?]

segunda-feira, setembro 25, 2006

flores em você

a vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida
vinicius

estou feliz de estar aqui e dos encontros que tenho tido.

por enquanto está bom, mas tende a melhorar...


flowers by Thomaz Rezende

sábado, agosto 12, 2006

ir e vir


voltar temporariamente[?] pra essa vida que nao tens tempo pra nada e tens que contar o tempo pra tudo

sábado, julho 29, 2006

contabilidade 4

me rendi a remedios e to melhorando, tudo está cicatrizando mas estou baqueada com os efeitos dessa forte medicina alopata...

contabilidade 3 na ultima semana de julho

pés= um corte na 2a falange do 3o dedo (pus!)
+retirada de um espinho ou bicho do pé(??) no último dedo (pus e dor!)
pernas= esquerda: foco inflamado perto do tornozelo
+direita: perebas se multiplicaram em 8 focos sem melhoras
mãos=infecção do dedão melhorou e do seu vizinho está melhorando

contabilidade 2

17 machucados abaixo do joelho( a maioria no joelho) do Lucas
5 perebas muxibentas bixadas na minha perna direita

contabilidade 1

um mês e onze dias: 7 quilos a menos
Lucas 1 quilo a mais...

segunda-feira, julho 17, 2006

pés no chão

As marcas da noite dura, mal dormida, gemendo no corpo cansado.
Com os olhos ainda marcados de sono, escutar os tilindar dos grilos noturnos causa o adiamento do despertar- o corpo pede descanso.
o dia finalmente amanhece e com ele a inadiável tarefa do caminhar.
Amanhecer, espreguiçar, cheiro de café, saltar da cama, ruído, gente, cachorro e sobre nossas cabeças, o céu estupidamente azul desafiando a dificil tarefa.
Tudo preparado: proteção contra o rei-sol, na mochila somente o necessário, hidratação para o corpo e coragem para a alma.
Os primeiros passos silenciosos dão início a longa caminhada sofrida na mente, mas pouco sentida nos músculos. A sombra dos grandes cajueiros ameniza os passos na areia fofa até o mata-burro.
Casas dos nativos começam a pipocar ao longo do caminho distraindo a vista enquanto o sol abraça o corpo decidido.
Ultima curva de areia branca, últimas casas. Muito ja foi caminhado. As chances de conseguir um último copo de água para o corpo em marcha estão findando, mas o ritmo não diminui e a possibilidade de alguma parada é descartada.
Depois de um pequeno cruzamento, sinais de veículos motorizados na estrada de areia ofuscante: uma moto típica na região e um automóvel de passeio trazendo consigo a estranheza por se diferenciar dos carros propícios ao chão difícil.
Sigo em silêncio, a frente a estrada de terra batida deixa a areia fofa para trás, enchendo os olhos com a paisagem bucólica a perder de vista.
Sigo em companhia de mim mesma.
Meus pés são meu transporte.
Minha mente minha asas.
Olho para a estrada e abandono as sandálias, sinto o sol, sinto a terra, sinto o chão. Os pedregulhos machucam as solas calejadas, mas logo se tornam brincadeira de sensações táteis.
Sem vento, escuto minha respiração e deixo o sol me abraçar cada vez mais forte. Olho novamente para os meus pés e vejo um caminhar seguro pelo chão vermelho e seco. Levanto os olhos e o verde abraça as vacas que ruminam ignorantes de minha presença.
Quebro o silêncio ao cumprimentar o menino que atravessa a estrada sem tirar os olhos dessa curiosa figura que caminha estrada afora. Apenas os dois: ele na lida com a res, e ela rumando para o horizonte. Uma troca de olhares, uma palavra amiga e nunca saberei seu nome nem do que gosta. Um breve cumprimento que quebra o silêncio cansado do caminhar obstinado.
Sigo dentro de mim e vejo muito espaço, dentro e fora.
O balançar dos braços se torna anestesiado pelas incontáveis vezes que o movimento se repete. Já nem ligo para as gotas de suor que insistem em cair. O caminhar se torna gentil e a mente flutua por entre os contundentes raios de sol. Nao sinto mais a dor da ferida na perna que custa a sarar.
Pouco a pouco o ar muda de cor e avisto o primeiro telhado. Reconheço a primeira casa e custo a acreditar que quilometros foram cobertos e não foram sentidos.
Não vejo alma viva até ganhar a pequena vila onde aos poucos encontro movimento.
Caminho icognita mas nao passo desapercebida.
Observo meninas que saem de uma porta de madeira pintada da estrada e reconheço um rosto. Quebro o silêncio com palavras de proximidade.
Me devolvem sorrisos e passos apressados.
Concentro-me na casa conhecida. Passo o portão e chamo, ninguém aparece.
Um rosto aponta na janela. Com o reconhecimento, um sorriso.
Acolhida em uma velha cadeira a beira do fogão à lenha, tomo café com crianças festivas a minha volta.
Escuto histórias contadas na difícil linguagem local, quase incompreensível a ouvidos desacostumados.
Paradoxalmente me sinto em casa e ao mesmo tempo sinto-me à parte desse mundo rústico.
Meus olhos giram embriagados com o que veem: crianças correndo, cacimba cheia, o causo da filha que quase morreu, a horta, o banheiro longe da casa, as redes penduradas, a criança que come sardinha na brasa de café da manhã, a mãe que me sorri oferecendo mais uma xícara de café.

Essa linda troca humana.

Até eu me levantar e começar a próxima caminhada.

terça-feira, julho 11, 2006

fortal de saias

pernas curtas, pernas longas
pele clara, pele escura
pernas grossa, pernas finas
jovens, senhoras
magras, gordas...
nao importa,
as saias em fortal sempre tem o comprimento MINIMO maximo permitido...

quinta-feira, julho 06, 2006

COBRA

Voltando de Caiçara, nessa linda manhã fomos a praia Malhada aqui em Jeri.
Tinha umas crianças por ali, e qdo nos aproximamos de um grupo curioso, nao é que todos olhavam uma agonizante cobra tentando voltar pro mato?
Sim, ela havia saido do mar, e estava tentando voltar pra casa dela.
Um turista corajoso a pegou e levou até o mato, longe da praia.
Fiquei curiosa em conhecer mais as cobras...principalmente aquelas que curtem um banho de mar no meio da semana...

Meninos e lobos

Lucas está se demosntrando um menino muito safo no sentido de brincar com todas as crianças que ele conheceu em Caiçara, nas duas casas onde estivemos hospedados, meninos simples, da roça, que com sua simplicidade cativaram esse menino de cidade.
Brincou
Divertiu-se
Emprestou seus brinquedos
Brincou com os alheios
Fez coisa errada com a amiga
Soube pedir desculpas
Brincou demais
Sonhou
Dormiu profundamente
Dia seguinte
Conheceu mais amigos locais
Dessa vez quase da mesma idade
E...Brincou
Divertiu-se
Emprestou seus brinquedos

Brigou com o amigo novo
Soube defender-se e
Soube fazer as pazes
e divertir-se o resto do dia.

Dormiu e comeu MUITO

ufa
zzzzzzz

Caiçara

Fugimos do agito de Jericoacoara e fomos conhecer o interior muito lindo: Caiçara.
As pessoas, o lugar, o clima, a lagoa, tudo tudo tudo muito lindo!
Que paz podemos encontrar em tanta simplicidade.
Acordar as 5 da manhã, pegar a condução chacoalhante durante quase uma hora onde a cada dez minutos entrava mais 2,3 pessoas, até não caber mais e assim chegar na proxima parada e entrar mais uma familia inteira!!! Descer no "centro" de Caiçara, caminhar em direção a lagoa de Jijoca, atravessá-la com Lucas nos braços com a agua nas coxas, caminhar nas picadas e contar sobre as veredas da vida pro pequeno curioso, caminhar pelas estradas de areia até encontrar o portão do sitio que nos acolheria nos proximos dias.
Que natureza, mas que beleza...

Ar
Respirar
Transformar
Dialogar
Trafegar
Encontrar
Viver
Sentir
Ir

SER

quarta-feira, julho 05, 2006

Completos Ciganos


Ele dorme e me eterneço com receio até de respirar mais fundo e acordá-lo dessa grande paz que o acolhe. Dorme Lucão, dorme com seu inseparável Pimpão, amigo de todas as noites que tens que abraçar alguém, urso cheiroso e corajoso.
O corpo dolorido da noite mal dormida reclama, mas a visão do pequeno cigano que que dorme protegido pela canga que serve de coberta improvisada faz esquecer de mim...
Arrumo minhas coisas, assisto Caetano Veloso que canta na TV aeroporto e chamo a atenção (mais uma vez) dos frequentadores matinais--que visão estranha essa no meio do aeroporto internacional--me sinto em casa!
A voz anuncia vôos que saem de hora em hora, a vontade é de embarcar imediatamente e conhecer outras paisagens, outros horizontes levando o pequeno que estava tão feliz com esta pequena e cansativa viagem.
Mais uma.

sexta-feira, junho 30, 2006

nobres ciganos



VIAJAR COM UMA CRIANÇA tem toda uma outra conotação. As pessoas te olham com compaixão, se tornam solidárias, elogiam teu filho e se envolvem na situação.
Sinto que para eles pequenos não existe nenhuma limitação, seja de tempo, lugar ou circunstância. Adaptam-se facilmente baseados na segurança na pessoa que os ama. Ah! crianças anjos iluminados, mostram e ensinam caminhos inusitados à nossa consciência adulta. E seguimos confiantes de que nossos cuidados são fundamentais a eles.
Me encontro no aeroporto de Fortaleza ao lado desse ser iluminado que está completamente mergulhado em sonhos secretos dentro do sono mais profundo. Estou há horas na vigilia-ele precisa descansar depois de sair de Jericoacoara às 22h30, seguir na jardineira por entre as dunas cearenses que nos levariam até Jijoca uma hora depois para troca de veículo-dessa vez um belo ônibus com ar condicionado, onde dormimos enrolados um no outro até as 4h30 da manhã. Dessa vez a parada era a estação rodoviária de fortal, que medo, fugi com o pequeno em meu colo, que dormitava sem entender muitoo que se passava até desembarcarmos no aeroporto, porto seguro e ele pode finalmente voltar a dormir.

CONTINUA

sexta-feira, junho 09, 2006

A fuga do Jegue

Mais uma vez saindo de sampa, mas dessa vez com uma companhia bem especial.


Pegamos o avião em Cumbica sob lágrimas da vovó, estivemos dentro do avião por mais de três horas e nele conhecemos uma menina de nove anos descoladérrima que chegava da America-palavras dela.

Chegamos em Fortaleza depois do almoço e ficamos no aeroporto pois dali a três horas teríamos nova partida com a Redenção para Jijoca e troca de condução a meia-noite para uma jardineira que nos levaria finalmente para Jericoacoara-litoral do Ceará.

Ufa, uma da manhã conseguimos chegar em Jeri, e no meio da bagunça do cansaço, da noite e da chegada e triste constatação: nossas malas ficaram no onibus em Jijoca...

Bom, chegamos vai!
...recuperamos nossas malas somente no dia seguinte às duas da tarde, e que calor!

Ah, dia seguinte mesmo consegui queimar minha mão com café, mas logo fui socorrida com tratamento a base de batata no local atingido e nada restou como marca do acidente.

hum, dias lindos, sol, protetor no meu campeão de caminhadas na areia sem perder os chinelos e eis que chegamos ao dia de hoje.

Mais uma vez fomos a duna principail ver o por-do-sol, e quem nos acompanhou foi a lua esta tarde.
Subimos para tomar nosso coco diário e o plano era passar aqui onde estou sentada escrevendo para justamente escrever estas palavras quando entrei no cyber e caminhei 3 passos dentro da loja, olhei para trás e não vi minha iluminada companhia...

Sai e olhei em direção a barraquinha de coco que estavamos, nada... cadê Lucas?

Estava estranhamente tranquila, até o momento que me dei conta que ele não estava em nenhuma das lojas e restaurantes num raio de 300 metros do local do sumiço.

Devo dizer antes demais nada que ele está aqui do meu lado quase não me deixando escrever enchendo meus ouvidos com doces palavras como "minha querida" e obviamente se pendurando em meu pescoço, abalando toda e qualquer concentração que eu poderia ter nesse momento pós sumiço.

buenos acionei até a polícia que estava ali na praça, conversei com todo mundo que conhecia e que não conhecia, até que um recém-conhecido o achou na rua paralela, seguindo um jeguinho que ia tranquilamente sem rumo pelos becos e ruas de jeri.

Vou comprar uma coleira para Lucas no supermecado
!

domingo, janeiro 01, 2006