Viagens
em metamorfose
terça-feira, agosto 18, 2020
Você me viu
Nao te vi de imediato
você veio
bem devagar
depois se tornou intenso
eu deixei
a energia fluiu
o encontro aconteceu
de forma tao linda e verdadeira
foi real, eu sei
mas a névoa do medo e das incertezas
permeou nossos olhares
e nos perdemos
nao te encontrei mais
e quando minha mao te tocou
ja nao te sentia
voce estava com medo
e nao quis pular
nessa piscina
nesse abismo
da paixão
da vida
sábado, dezembro 17, 2016
formula um
Em sua cabeça lembrava-se de um menino franzino, mas que a havia marcado de alguma maneira, eram quinze anos sem ter nenhum contato. Era outro país, eram outras pessoas, era uma outra realidade, mas mesmo assim ela queria ve-lo.
Procurando seu primo naquela tarde, ligou no hotel e quem atendeu foi ele. Ela lembrou-se do nome, ficou surpresa, ele a reconheceu e a tratou com familiaridade, combinaram o encontro para aquela noite, mas ela chegaria tarde porque já tinha um compromisso marcado.
Mesmo tarde, de supetão, ela decidiu ir, sem avisar, pois pelo adiantado da hora, ele não deveria estar mais no local combinado. Ela estava constrangida, tinha outros amigos e seu primo, ela havia marcado com seu primo. Tentou ligar, mas a bateria de seu celular acabou. Mesmo assim resolveu arriscar.
O local estava cheio, muita gente e música alta lá dentro. Calmamente entrou na fila e esperou, imaginou, lembrou, fantasiou até que conseguiu entrar.
Fumaça, aglomerado, muita gente no mesmo lugar, ela achou aquilo surreal, precisava de uma estratégia. Decidiu ir para a esquerda, correndo o risco deles sairem pela direita, o local era estreito mas precisava ir ao segundo andar para poder localizar quem procurava. Andou, olhou em volta, subiu as escadas, não visualizou, desceu e decidiu ir ao último local onde eles poderiam estar: perto da banda que tocava ensurdecedoramente.
No meio das cabeças e ombros, visualizou aquele que parecia ser seu primo, ganhou alguns passos, se desvencilhou das pessoas e assim que obteve a certeza, ele tambem a viu. Abraçaram-se longamente. Com um largo sorriso no rosto, seu primo explicou que já estava bebado e se prontificou a pegar algo para beber, ela pediu uma caipirinha.
Quando se virou, seus olhos encontraram os dele, depois de quinze anos. Cumprimentaram-se calorosamente e todas aquelas pessoas a sua volta desapareceram. O tempo mudou de cor naquele momento, todo este tempo parecia que não tinha passado, por mais que novos dados da vida de ambos se fizessem presentes, nada mais importava.
Ele contou que possuia um vídeo daquele tempo que ela nem se lembrava mais, pediu seu email para envia-lo, pois agora o video estava digitalizado. Ela se impressionou, não se lembrava do tal vídeo, mas tinha outras tantas lembranças. Contou as suas, ouviu as dele.
A conversa fluiu como se o tempo não corresse, a noite pareceu uma vida, mas o final do show anunciou a alba que chegava. Ela sentiu-se a própria cinderela ouvindo as badaladas anunciando o final da festa que tanto esperou. Ele logo fez promessas de ve-la mais tarde, quis marcar, fizeram apostas, riram, mas a hora de se separar era chegada.
Os amigos o chamavam insistentemente, a van passaria no hotel para leva-los ao autodromo em pouco tempo, era a primeira vez dele no país e ele já torcia pelo brasileiro que lutava pelo título.
O que teria acontecido há quinze anos, se eles tivessem saído juntos e se conhecido quando ela estava de visita no país dele? Porque será que ele não a convidou? Como teria sido a história deles? Será que algo teria mudado? Muitas perguntas engraçadas e absurdas surgiram, mas foi inevitavel falar disso: riram-se os dois pela inocência daquela época.
Agora eram dois adultos,cada um em seu país com sua vida, ele estava mais encorpado e maduro; ela mais bonita, mais mulher.
No mesmo ano, quando voltou de visita no país dele, ela havia perguntado dele para seu primo, mas não poderia passar dali, não se atreveu. E agora ele estava ali, diante dela, como cúmplices, lembrando-se de momentos antigos e construindo novos.
Ele dizia que seu olhar era penetrante, ela o olhava com profundidade. O tempo estava terminando e com ele a chance de sentir aquilo que eles tiveram receio há quinze anos. Ele parecia mais do que um velho conhecido, ele estava muito próximo, ela gostava de suas lembranças emocionais para te-lo perto, e ali estava ele, perto fisicamente também. E com esta proximidade, veio à tona todo sentimento que estava ali guardado dentro daquela caixinha encostava naquele canto, lá dentro, há tanto tempo, até empoeirado, mas cheio de coisas.
Coisas estas que eles nunca saboreariam se não abrissem a caixa antes dele entrar naquele taxi.
Mas será que eles deveriam abri-la?
quinta-feira, abril 16, 2015
Vida
Toda vez que observo silencioso perfil de meu filho, entendo um pouco de muitos sentidos desta vida.
sábado, março 21, 2015
Sem fôlego
Ali tão distante, quase engolido pelo mar de gente, ainda via reluzir os fios louros de sua cabeça acompanhando de olhares fugazes de adeus e paradoxalmente penetrantes.
Até onde nossas vistas alcançavam nossas mãos suspiraram no toque do último adeus - depois disso nossos corações seguiram juntos.
Agora já me encontro muitas estações distante, mas minhas lembranças me trazem seus olhos verdes me seguindo enquanto, atrás dos óculos escuros, buscava alguém que me esperava.
Ainda ofegante sentei esbaforida pela consciência do atraso.
Essa cidade...
Logo o chopp de 13 reais apareceu na minha frente e a conversa fluiu como se tivessem nos encontrado.
sábado, janeiro 25, 2014
Carta
quinta-feira, fevereiro 14, 2013
40 minutos
sábado, setembro 08, 2012
estórias de fantasmas
Acompanhei a visita delas o quanto pude e, ao levá-las até a casa Rosa, que foi por um tempo a escola rural do Instituto Butantan, comecei a contar as estórias de assombração que me contaram quando cheguei por ali.
Marcela, que tem 10 anos, não poupou-me em cortar minha alegria dizendo não ter medo de estórias assombradas, mas mesmo assim, ao longo da visita, me encheu de perguntas sobre as tais estórias.
No final ela não estava satisfeita, queria mais estórias enquanto meu repertório havia terminado.
Almoçamos juntas e comentamos como o meu filho fez falta para o quarteto estar completo, mas quando cheguei em casa, contei a ele sobre a visita e os comentários.
Estávamos lanchando eu e meu filho e contei também sobre as estórias de fantasmas que havia contado à Marcela, a amiga dele, naquela tarde. Ele riu e disse: mãe, não existem fantasmas, eu pessoalmente já testei isso.
Perguntei como ele havia testado, e ele, calado, se levantou e sumiu da copa. Vi que ele cochichou algo com sua avó e desapareceu escada acima.
Um grande silêncio se fez e ao terminar meu lanche levantei-me e me dirigi às escadas para resgatar o pequeno, que deveria ter me esquecido depois da conversa de fantasmas.
Estava na metade da escada quando levantei o olhar para o topo dela e vi a figura que me aguardava: era um fantasminha juvenil debaixo de um lençol dando risada bem baixinho tentando disfarçar a alegria excessiva comprobatória de sua teoria.
Não segurei o riso quando juntei as peças do quebra-cabeça: ele lançou sua teoria de teste e sumiu para prová-la se vestindo de fantasma, finalizando sua comprovação tão óbvia: mãe, não existe fantasma, eles na verdade são pessoas fantasiadas debaixo de lençóis.
quarta-feira, julho 18, 2012
Apenas seguir
quinta-feira, julho 05, 2012
Vôo
sou menina mulher, embebida de olhos negros.
o olhar profundo escorrega no abismo que observo.
sou artista na gaiola.
sou pássaro sedento por liberdade.
ganho o céu, voo livre:despenco no abismo e brinco nas alturas.
de olhos fechados me entrego, me jogo, me olho.
o abismo que olho, agora me observa atentamente.
sinto o peso leve que me leva para baixo e um golpe de vento me joga para cima.
o abismo se abisma e precipita...e eu me alontano.
simplesmente voo, eu mulher pássaro.
quinta-feira, junho 28, 2012
Ônibus
O sacolejar do ônibus deixa a musica mais agitada.
A menina ao meu lado se contorce quando tiro o celular do bolso para escrever, mas o que posso fazer se, o meu encostar de cabeça no banco foi abruptamente iluminado por um raio furtivo que adentrou pelo teto solar e beijou minhas pálpebras sonhadoras?
Isso me inspirou e a luz provocadora me trouxe de volta de Buenos Aires quando abri os olhos.
Céu cinza e a cabeça repleta de gottan project me inspira ainda a dar continuidade ao
frenético teclar na vã tentativa de conseguir registrar tudo que vai dentro da minha
cabeça.
Deixo me levar pela melodia e os amigos portenhos se despedem, fico com a loira
incomoda do mesmo banco...ja nem ligo para ela, que murmura algo.
Ignoro: a musica acaba e da lugar a outra na língua castelhana.
Deixo a voz adocicada da cantora me envolver enquanto seguimos no lusco fusco do caminho.
E claro que o trânsito infernal dessa cidade de pedra nos testa a cada trecho percorrido.
Mas daqui a pouco chegarei no meu destino, abadonarei as buzinas, as infinitas luzes vermelhas e a loira emburrada ao meu lado...
obrigada pela caneta Rodrigo
quarta-feira, maio 23, 2012
domingo, maio 13, 2012
Sonhar
domingo, maio 06, 2012
Passado
a música alta nem me incomoda:
ela serve de trilha sonora para a incansável subida das bolhas no copo dourado,
que brilha no foco focado no único ponto de luz fixo.
algo destoa, mas mesmo assim nada estraga a espera.
a ausência já preenche o espaço no banco vazio à minha frente.
o desconhecido me intiga,
e a lembrança do último encontro
enebria a alma inquieta.
quarta-feira, maio 02, 2012
TUNNG no MIS
incrível como abrir uma gaveta e achar um pedaço de papel ou sentir um cheiro antigo no ar ou mesmo achar um vídeo feito de maneira casa-eira (SIC) possa te levar para outros lugares em segundos.
hoje eu voltei no tempo, cliquei em um vídeo guardado há tempos, e esses cinco minutos me tocaram a fundo. gravei correndo, não ficou profissional, mas ficou na memória do coração, na minha memória.
hoje estive por alguns minutos de volta àquele auditório escuro com aquele show de luzes e sons. lembrei das pessoas com as quais convivi naquele ano tão bom e tão ruim, resquícios do que a vida pode nos trazer e ensinar.
levo essa música do Tunng em mim, como marca de um tempo vivido, de emoções sentidas a fundo, de aprendizados políticos infindáveis, de relações descobertas e principalmente de mim menina mulher vivendo intensamente, pois não sei viver de outra maneira...
vontade de ser mais
eu não sei trabalhar se não for em equipe, não sei viver de forma isolada.
certo que temos nossos momentos de isolamento, mas não dura,
qualquer hora você sente saudade de um bom bapo com uma amiga,
ou quer dar risada na mesa de um restaurante.
simples como o suave bater das ondas na rocha,
do sorriso maroto da criança no carro ao lado,
da pincelada de um artista na tela branca,
o bater das asas da borboleta recém saída do casulo,
o abanar do rabo do cão que vê seu dono,
do queimar de uma vela,
do gole de vinho absorvido pela boca,
de um olhar confidente entre amantes,
do silencioso nascer do sol,
simples como uma formiga.
Silenzio
Il silenzio mi abbraccia, mi coinvolge
e coinvolta mi trovo
lui mi soffoca e me stringe contro il muro
stringe in me stessa
lui mi conforta, mi abbraccia e mi protegge
dentro de lui riesco a trovare tutte le risposte
de tante domande
dentro de lui mi sento sola
persa nella scurità
persa nella immensità
nello silenzio mi incontro e mi sento persa
mi capisco
lui é mio amico, mio confidente
nella difficile caminata di molto lavoro
silenzio,
cosa vuole di me?
quarta-feira, abril 18, 2012
quarta-feira, março 14, 2012
Entardecer
Além das duas mulheres reconchudas que não arranjaram programa e a outra mais ousada com formas mais delineadas que conseguiu arranjar-se com dois prováveis turistas, a figura nova era nada menos que quem eu observara o tempo todo se arrumando. Não demorou muito e logo se arranjou com uma carona após duas ou três propostas de transeuntes aleatórios.