2h30 da madrugada.
Acordo sobressaltada, a boca está seca e o coração acelerado.
Depois de alguns segundos entendo que acordei de um pesadelo, mas a sensação veio à consciência e ocupou o quarto escuro.
Escutei os barulhos da madrugada: a janela resistia à ventania que vinha com a chuva. Apenas uma luz verde tomava o breu: meu computador tinha dormido ligado na fonte.
O pavor da perseguição no pesadelo se resumia a uma sensação de morte e o medo de fechar os olhos me petrificou. Acendi a luz do corredor, caminhei pela casa e voltei para a cama, tudo tranquilo.
A veneziana resistia ruidosamente à ventania que tentava adentrar o recinto. As cenas ainda rodavam dentro da minha cabeça, fechei os olhos e tudo voltou, tive a certeza de que o pesadelo iria ter continuação.
A boca continuava seca e o coração batia rapidamente como que querendo sair pela boca. Abri abruptamente os olhos afugentando o cansaço.
Peguei o celular e conferi as horas, já estava em sono profundo quando o pesadelo teve seu início. Respirei e tentei abrir os olhos, parecia que minhas pálpebras estava grudadas e quando finalmente consegui abri-los, a luz do celular me ofuscou.
Pensei em esticar a mão e alcançar o lap para escrever, mas a exaustão psico-física não me permitiu e me mantive na mesma posição. Lembrei então de todos e tudo que havia acontecido enquanto estava incosciente, tentei fazer conexões a qualquer coisa que tivesse transcorrido ao longo da semana ou nos últimos tempos. Nada, sem ligação coerente.
Ainda petrificada deixei que a escuridão se acalmasse em mim. Atenta, tentei equilibrar a respiração com os batimentos cardíacos refazendo as imagens do sonho assustador sem entender de onde ele veio, paradoxal ao dia tranquilo trascorrido.
Os minutos foram se passando e, à medida que o coração voltava ao normal, a mente também me permitiu deixar para o dia seguinte todo e qualquer pensamento racional, afinal o espaço obscuro era território do sub-consciente.
Fechei os olhos e mudei de estação.