Muitos machos que conheço se entitulam machos-alfa, mesmo sem saber o que isso quer dizer para as fêmeas.
Primeiramente podemos abordar o cerne da questão, tão polêmica da enterna discussão sobre quem manda na casa. Na dupla de dois escolhidos de livre e espontânea vontade, o casal, seja de que gênero for, se encaixa em papéis: quem manda e quem obedece. Ouvi uma vez na voz de Oswaldo Montenegro em minha meninice: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo” frase esta que nunca me esqueci e fruto de grandes discussões.
Em moldes mais tradicionais já dizia o ditado que, homem que sabe quem manda sempre é a mulher, seria um homem sábio. Hoje em dia as coisas estão um pouco mudadas, afinal estamos falando de gente, algo extremamente orgânico.
Relacionamento humano, por mais irregular que seja, acaba caindo em velhos clichês que nos permitem ter referências para diversas situações, mas aprendemos empiricamente, por mais que já tenham sido vivenciadas por outros, alheios ou não à nós.
Bom, acabo de ver um filme que a fêmea-alfa toma as decisões com uma segurança muito particular, sempre apoiada pelo marido, mas também não deixa de consultá-lo em decisões maiores que girem em torno da aura familiar construída em cima de alicerces bem americanos. Ali se via a cumplicidade que os dois tinham: ela tomava decisões por si, e ele a apoiava. Mas no devido momento, ela se debruçava na aliança que eles tinham, pois sentia que era preciso, e buscava assim toda a proteção que precisava para seguir agindo como um ser autônomo.
Mas deixemos os arquetipos de lado e vamos ao que interessa: será que seria preciso um dos dois se impor a ponto de se sobressair, ou isso seria uma escola da natureza? Sim, pois na seleção natural as escolhas eram feitas naturalmente (sic) será que não seria assim em nossa sociedade?
Não seria maravilhoso se, ao conhecermos uma pessoa, colocassemos o chip dela em uma máquina e visualizassemos a compatibilidade conosco? Na verdade vivenciamos essa constatação empiricamente, de modo a encontrarmos de tudo um pouco, por aí: desde casais que acreditam em uma hipotética compatibilidade contruída com o tempo, até outros que foram surpeendidos por uma afinidade descoberta de maneira inesperada.
Sim, o tempo pode nos ajudar ou nos prejudicar: podemos perder meses de nossas vidas acreditando que uma paixão maluca e doentia possa se trasformar na linda borboleta do amor, podemos passar anos segurando um casamento em nome dos filhos, ou mesmo ficarmos isolados por tempo indeterminado em nome de uma desilusão amorosa.
O medo nos trai quase sempre.
O que gostaria mesmo era colocar para estes espécimes (ou aspirantes a) a machos-alfa que a femea quer apenas alguém que a proteja. Muitas vezes o macho alfa não passa de uma encenação de um machista, e aí começa a confusão. O macho-alfa pode ser um ogro, assim como muitos machistas, mas ele, mais do que qualquer coisa, tem o instinto de preservação, seja da família, dos conceitos, os preceitos e privilégios, que resultam apenas em uma coisa: ele protegerá os seus.
O machista em termos de atitude, acaba se resumindo tristemente naquela figura do cão que procura os cantos para delimitar o terreno. Em sua frenética busca de se auto-afirmar como macho, esquece de olhar para a fêmea, e crias, com o devido cuidado para protegé-los. O lance dele é ter a atitude de controlar, podar, de segurar, censurar, numa frágil ilusão de possuir, enquanto o que a femea quer é espaço para atuar de maneira livre, mas com a segurança de um verdadeiro exemplar do macho-alfa por trás.
Mas a questão que me motivou a escrever tudo isso, na verdade se resume a uma pergunta: o machista tem consciência de que não é um macho-alfa, por mais que seu desejo seja apenas sê-lo?