segunda-feira, novembro 14, 2011

no meio da madrugada



2h30 da madrugada.
Acordo sobressaltada, a boca está seca e o coração acelerado.
Depois de alguns segundos entendo que acordei de um pesadelo, mas a sensação veio à consciência e ocupou o quarto escuro.
Escutei os barulhos da madrugada: a janela resistia à ventania que vinha com a chuva. Apenas uma luz verde tomava o breu: meu computador tinha dormido ligado na fonte.
O pavor da perseguição no pesadelo se resumia a uma sensação de morte e o medo de fechar os olhos me petrificou. Acendi a luz do corredor, caminhei pela casa e voltei para a cama, tudo tranquilo.
A veneziana resistia ruidosamente à ventania que tentava adentrar o recinto. As cenas ainda rodavam dentro da minha cabeça, fechei os olhos e tudo voltou, tive a certeza de que o pesadelo iria ter continuação.
A boca continuava seca e o coração batia rapidamente como que querendo sair pela boca. Abri abruptamente os olhos afugentando o cansaço.
Peguei o celular e conferi as horas, já estava em sono profundo quando o pesadelo teve seu início. Respirei e tentei abrir os olhos, parecia que minhas pálpebras estava grudadas e quando finalmente consegui abri-los, a luz do celular me ofuscou.
Pensei em esticar a mão e alcançar o lap para escrever, mas a exaustão psico-física não me permitiu e me mantive na mesma posição. Lembrei então de todos e tudo que havia acontecido enquanto estava incosciente, tentei fazer conexões a qualquer coisa que tivesse transcorrido ao longo da semana ou nos últimos tempos. Nada, sem ligação coerente.
Ainda petrificada deixei que a escuridão se acalmasse em mim. Atenta, tentei equilibrar a respiração com os batimentos cardíacos refazendo as imagens do sonho assustador sem entender de onde ele veio, paradoxal ao dia tranquilo trascorrido.
Os minutos foram se passando e, à medida que o coração voltava ao normal, a mente também me permitiu deixar para o dia seguinte todo e qualquer pensamento racional, afinal o espaço obscuro era território do sub-consciente.
Fechei os olhos e mudei de estação.

domingo, novembro 13, 2011

Because - The Beatles

Because the world is round it turns me on

Because the world is round...aaaaaahhhhhh

Because the wind is high it blows my mind
Because the wind is high......aaaaaaaahhhh

Love is old, love is new
Love is all, love is you

Because the sky is blue, it makes me cry
Because the sky is blue.......aaaaaaaahhhh

Aaaaahhhhhhhhhh....

sábado, outubro 22, 2011

Dido - Sweet Eyed Baby

So you're with her, and not with me,
I hope she's sweet, and so pretty
I hear she cooks delightfully, a little angel beside you
So you're with her, and not with me,
Oh how lucky one man can be
I hear your house is smart and clean,
Oh how lovely with your homecoming queen
Oh how lovely it must be...

When you see her sweet smile baby,
don't think of me
When she lays in your warm arms,
don't think of me

So you're with her, and not with me,
I know she spreads sweet honey
In fact your best friend,
I heard he spent last night with her
Now how do you feel

When you see her sweet smile baby,
don't think of me
When she lays in your warm arms,
don't think of me
And it's too late and it's too bad,
don't think of me
Oh it's too late and it's too bad,
don't think of me

Does it bother you now all the mess I made
Does it bother you now the clothes you told me not to wear
Does it bother you now all the angry games we played
Does it bother you now when I'm not there

When you see her sweet smile baby,
don't think of me
When she lays in your warm arms,
don't think of me
And it's too late and it's too bad,
don't think of me
Oh it's too late, oh it's too bad,
don't think of me

quinta-feira, outubro 13, 2011

passado desnudado morto enterrado


Doí demais
Doí saber que nao mais te terei ao meu lado
 Que a saudade vai machucar
 Que irei aprender
Debaixo de meu sofrimento
Que o tempo será um bom remédio
 Mas até o vento levar tudo de ruim, terei tempo de sofrer
 De chorar escondido e lágrimas marearem meus olhos de modo que eu não consiga ver
Mas quem sabe começar a enxergar
Ficar quieta fará parte desse luto
Mas além de chorar, sorrir ao lembrar das coisas boas
 Dos momentos engraçados
Afinal
Te escolhi
Te escondi
Te mostrei
Te machuquei
Te empurrei
Te protegi
Agora vou deixar o vento passar pela minha alma perfurada
Como uma seda negra rasgada ao vento
Ao acaso, voando com descaso
De modo que tudo fique remediado
E sobre apenas os ensinamentos
O eco das risadas nos cantos conhecidos
O calor do corpo que nao estará mais lá
O abraço que tem seu espaço
Das conversas que nunca aconteceram
Dos beijos que nao foram sentidos
Do querer infinito
Do tempo que nao foi amigo
Do resto dos restos.
Até que as lágrimas sequem e nossos passos sejam mais seguros
Nosso olhar para o horizonte encontre seu caminho
Sua serenidade, seu equilibrio
E a música toque outra vez em nossos corações.

machofemeamachofemea-femeafemeamachofemea

Muitos machos que conheço se entitulam machos-alfa, mesmo sem saber o que isso quer dizer para as fêmeas.
Primeiramente podemos abordar o cerne da questão, tão polêmica da enterna discussão sobre quem manda na casa. Na dupla de dois escolhidos de livre e espontânea vontade, o casal, seja de que gênero for, se encaixa em papéis: quem manda e quem obedece. Ouvi uma vez na voz de Oswaldo Montenegro em minha meninice: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo” frase esta que nunca me esqueci e fruto de grandes discussões.
Em moldes mais tradicionais já dizia o ditado que, homem que sabe quem manda sempre é a mulher, seria um homem sábio. Hoje em dia as coisas estão um pouco mudadas, afinal estamos falando de gente, algo extremamente orgânico.
Relacionamento humano, por mais irregular que seja, acaba caindo em velhos clichês que nos permitem ter referências para diversas situações, mas  aprendemos empiricamente, por mais que já tenham sido vivenciadas por outros, alheios ou não à nós.
Bom, acabo de ver um filme que a fêmea-alfa toma as decisões com uma segurança muito particular, sempre apoiada pelo marido, mas também não deixa de consultá-lo em decisões maiores que girem em torno da aura familiar construída em cima de alicerces bem americanos. Ali se via a cumplicidade que os dois tinham: ela tomava decisões por si, e ele a apoiava. Mas no devido momento, ela se debruçava na aliança que eles tinham, pois sentia que era preciso, e buscava assim toda a proteção que precisava para seguir agindo como um ser autônomo.
Mas deixemos os arquetipos de lado e vamos ao que interessa: será que seria preciso um dos dois se impor a ponto de se sobressair, ou isso seria uma escola da natureza? Sim, pois na seleção natural as escolhas eram feitas naturalmente (sic) será que não seria assim em nossa sociedade?
Não seria maravilhoso se, ao conhecermos uma pessoa, colocassemos o chip dela em uma máquina e visualizassemos a compatibilidade conosco? Na verdade vivenciamos essa constatação empiricamente, de modo a encontrarmos de tudo um pouco, por aí: desde casais que acreditam em uma hipotética compatibilidade contruída com o tempo, até outros que foram surpeendidos por uma afinidade descoberta de maneira inesperada.
Sim, o tempo pode nos ajudar ou nos prejudicar: podemos perder meses de nossas vidas acreditando que uma paixão maluca e doentia possa se trasformar na linda borboleta do amor,  podemos passar anos segurando um casamento em nome dos filhos, ou mesmo ficarmos isolados por tempo indeterminado em nome de uma desilusão amorosa.
O medo nos trai quase sempre.
O que gostaria mesmo era colocar para estes espécimes (ou aspirantes a) a machos-alfa que a femea quer apenas alguém que a proteja. Muitas vezes o macho alfa não passa de uma encenação de um machista, e aí começa a confusão. O macho-alfa pode ser um ogro, assim como muitos machistas, mas ele, mais do que qualquer coisa, tem o instinto de preservação, seja da família, dos conceitos, os preceitos e privilégios, que resultam apenas em uma coisa: ele protegerá os seus.
O machista em termos de atitude, acaba se resumindo tristemente naquela figura do cão que procura os cantos para delimitar o terreno. Em sua frenética busca de se auto-afirmar como macho, esquece de olhar para a fêmea, e crias,  com o devido cuidado para protegé-los. O lance dele é ter a atitude de controlar, podar, de segurar, censurar, numa frágil ilusão de possuir, enquanto o que a femea quer é espaço para atuar de maneira livre, mas com a segurança de um verdadeiro exemplar do macho-alfa por trás.
Mas a questão que me motivou a escrever tudo isso, na verdade se resume a uma pergunta: o machista tem consciência de que não é um macho-alfa, por mais que  seu desejo seja apenas sê-lo?

sábado, agosto 27, 2011


Um dia eu sonhei que você me encontrou por ai
Sonhando acordada, borboletando 
Ébria  sorridente, enebriada da vida
Um dia eu sonhei que você se aproximava e pegava na minha mão,
Sem consciencia, eu deixei
Nesse dia você cuidou de mim e me colocou no carro
me levar para casa
Palco de tantas desilusões
Em silêncio aceitei
Encostei a cabeça e o tudo mudou
Olhos fixos nas casas que se moviam
A música deixou rastros para o barulho da chuva
As lágrimas se confundiram com as gotas transparentes através do vidro
A tristeza ocupou o banco do passageiro
E o rodamoinho veio
De dentro para fora e de fora para dentro
Um dia eu sonhei que você voltou ao local do crime
Mas com muito cuidado mudou sua atitude
Cuidou de mim
Me levou com calma e atenção até a porta
Fechada como meu coração
Um dia você encarou
Sua culpa, sua multa
Me conduziu, me cuidou e nada pediu
Um dia você se desculpou
E partiu

Fechei os olhos e acordei

quarta-feira, agosto 03, 2011

Cuento de hadas

Era uma vez, em uma terra não tão longínqua, nem em uma época tão distante, uma princesa que mudara a história de sua família com seu nascimento. Seus pais, há muito esperavam por uma menina, e seus três irmãos mais velhos aguardavam curiosos para colocar os olhos na única menina da família.
Os anos passavam e a linda princesa foi crescendo e, com toda a sua delicadeza, foi sobrevivendo aos irmãos muitas vezes truculentos em seu trato com ela.
Seus olhos lembravam o ônix tão cultuado naquele país, seus cabelos sedosos lambiam seu rosto quando corria pelos verdes prados, sua pele era macia como a lã das ovelhas e seu sorriso brilhava como o sol de verão.
Por muito tempo brincou sozinha, mas sempre buscava se aproximar de seus irmãos que não davam muita atenção, mas a protegiam cada qual de sua maneira peculiar.
Agora a princesa já arrancava suspiros dos príncipes de reinos vizinhos com sua beleza e seu canto enchia as paredes do castelo deixando-o mais colorido quando passava pelos corredores.
Ela era feliz e muito curiosa, seguia seus instintos e fazia suas descobertas. Aprendera a cultivar o amor pela natureza e os animais, diferenciando-se de seus irmãos que gostavam de outras coisas menos poéticas. Toda manhã enchia o quarto de todos com flores que colhia nos vastos jardins do reino e sempre, com muita delicadeza, oferecia a todos que encontrava um doce sorriso de mel.
Os anos seguiam e tudo corria bem no reino daquele governante poderoso e inteligente, mas que nem sempre conseguia usar a sabedoria para ser gentil e amável com seus súditos, que bem ou mal, o amavam.
Um belo dia, o sol deu lugar à nuvens escuras e rajadas de vento quebraram vidraças do castelo; montes de feno e árvores desapareceram com a força dos ventos, o céu ficou escuro e os pássaros se esconderam. Surgiu então um raio ametista muito forte vindo do horizonte que acertou em cheio os pais da linda princesa, que se escondia atrás de seus irmãos, que tentavam protege-la de qualquer mal.
Quando o vento dissipou, o sol não conseguiu atravessar as nuvens e o céu ficou todo cinza. No parapeito do castelo jaziam dois vultos transparentes: seus pais haviam sido transformados em estátuas de cristal.
Atônitos, os príncipes tentaram quebrar as estátuas a fim de salvar os seus pais, e a princesa aflita tentava arranhá-las com as mãos delicadas. Apenas a estátua do rei se quebrou, e dela saiu um cheiro muito forte e uma fumaça escura que cegou temporariamente as crias reais. Atrás dessa fumaça escura, saiu um animal cheio de escamas que se arrastou pelo chão e seguiu em direção ao pântano, e seu rabo foi a última coisa que eles viram antes de sumir embaixo das folhas cinzentas que descansavam no chão.
A princesa arregalou os olhos e se precipitou em direção ao pântano gritando o nome do pai, mas seus irmãos a impediram, agarrando-a com força. E foi aí que perceberam que seus olhos haviam mudado de cor: o ônix havia se transformado em ágata.
Desse dia em diante, a princesa andava pelo castelo cambaleante, como se não conseguisse enxergar direito, seu sorriso já não brilhava mais e seu canto havia silenciado. Com o passar dos anos, um a um de seus irmãos decidiu sair do castelo em busca de uma explicação para aquele feitiço horroroso. A princesa se viu sozinha e decidiu então ir em busca de algo que pudesse libertar sua mãe e trazer de volta seu pai.
Durante sua caminhada, havia encontrado um de seus irmãos que se casara e não pensava mais em seu passado. Isso deixou a princesa triste, pois pela sua cabeça passou a idéia de que os outros irmãos também poderiam ter desistido da busca.
Seguiu então obstinada em seu caminho guiado pelos olhos de ágata, que a levaram a lugares estranhos e  conhecer pessoas suspeitas além de sinistros seres alados que alimentavam-se de sua luz, levando-a para lugares que lhe pareciam  bonitos mas de péssima reputação.
Só que a princesa não conseguia ver como as coisas nem pessoas eram realmente, seus olhos tinham essa velatura que a impedia de ver a realidade como ela era de fato.
Apenas seu bondoso coração conseguia alertar a princesa das maledicencias e maldades que a rondavam, mas como ela sabia pouco da vida, acabava por se deixar levar pelo pouco que via através de sua turva visão.
Começou então a viver uma vida diferente da vida que levava em seu castelo, e pelos seus atributos e qualidades, tinha sempre muita gente ao seu redor, e nem sempre eram pessoas bem intencionadas e bonitas por dentro, mas isso a princesa não via. Viveu muita coisa nova, andou por lugares que nem imaginara que existiam, experimentou comidas exóticas, dançou com muita gente e aprendeu novos cânticos que queria mostrar a sua família.
Os seres alados, invejosos e possessivos, um dia a levaram para dentro de uma floresta muito escura e muito distante que apenas eles conheciam, para que ninguém mais a visse e sua beleza fosse admirada somente por eles. Nessa floresta os seres viventes não apareciam, e quando o faziam, era para machucar a princesa, que, para eles era apenas um ser estranho que fora largado ali sozinho.
O tempo se passou e assim ela aprendeu como lidar com os seres encantados: se fazendo passar por um deles. Até que um dia, conheceu uma bruxa que ali vivia escondida, perto do rio da floresta escura.
No começo achou que a bruxa fosse machucá-la, de tão feia que era, mas com o passar dos dias, foi se aproximando de sua casa, pois o cheiro de suas poções a atraíram. Depois de dias espiando a bruxa, ouviu-a dizer: faz muito tempo que você me observa menina, que tal tomar um chá comigo e me contar a sua estória, pois pelo que vejo, você não pertence a esse lugar.
A princesa espantada e curiosa, sentou-se ao lado da bruxa e com muito medo, começou a contar sua estória. As lágrimas corriam pelo seu rosto ao perceber que muito tempo havia se passado, e ela havia se transformado em uma bela mulher, que amava os bichos e a natureza, mas que havia se afastado de tudo que acreditava.
Ela havia se perdido tanto, e seu caminho desviado, que já não sabia mais o que buscava e nem como voltar para casa. A bruxa comovida perguntou o que era tinha nos olhos, a princesa sem graça explicou que ela nem sabia como seus olhos tinham ficado daquela cor, sendo que eram negros como jabuticabas, segundo sua mãe.
Foi então, falando com a bruxa, que a princesa começou a se lembrar de sua infância, de seus irmãos e de seus pais. Ficou triste, pois não sabia como sair dali e retomar suas buscas em direção a cura do feitiço. 
A bruxa disse que bastava seguir o rio para sair e que isso não era o problema, e sim tirar aquilo de seus olhos, esse era o verdadeiro problema, pois se tratava de um feitiço muito forte, mas que precisaria de tempo para anula-lo. Seriam ainda precisos muitos ingredientes para conseguir quebrar o feitiço e devolver os olhos de ônix da princesa.
A princesa disse que queria voltar a enxergar com seus olhos e se dispôs a buscar os ingredientes, que eram verdadeiras tarefas para um ser humano: ela teria que buscar a lasca da unha do dragão da montanha verde, pegar o bafo do cão elfo dos países baixos, cortar a grama do pântano fedido rio acima, capturar a bondade da fada dos dentes, cortar a ponta do chifre do unicórnio, ter um fio da cauda do centauro e duas penas da harpia dourada que vivia nas cachoeiras etéricas dos montes gélidos das terras do norte.
Corajosa, a princesa conquistou cada premio com a bondade de seu coração e levou tudo a bruxa, que na mesma noite preparou uma poção que pedia como último ingrediente o sacrifício de ter a membrana dos olhos de ágata da princesa.
Sem pestanejar, acreditou que, sem olhos, ela conseguiria ver apenas o que seu coração mostrasse, e assim o fez. A bruxa ficou impressionada com o sacrifício da princesa ao querer ver bem à sua família e a si própria que colocou um ingrediente secreto a mais na poção e, quando estava pronta, não fez a princesa beber e sim colocar em seus olhos a fim de lhe devolver a visão.
E assim, no dia seguinte, a princesa abriu os olhos, viu que na realidade a bruxa nariguda era uma linda fada que a havia ajudado a recuperar sua visão, e virou sua eterna amiga.
Quando voltou ao castelo de seus pais, viu que seus irmãos estavam lá com suas mulheres procurando-a.  Assim como ela, seus pais haviam se livrado do feitiço ametista que assolava família felizes. Sua mãe havia ficado muito tempo presa na estátua de cristal, por isso precisou de cuidados para o resto de sua vida. Seu pai se recuperou apenas pela metade, ficando com o rabo daquele animal asqueroso no qual foi transformado.
Ninguém descobriu porque o feitiço foi jogado na família da princesa, mas com tudo que ela havia aprendido com sua amiga fada, não haveria mais ameaças de novos feitiços e todos viveram felizes para o resto dos dias.

quarta-feira, julho 27, 2011

a mesa

Lembro-me de estar sentada à mesa quando fui presenteada com a própria que ele, a princípio, havia me emprestado. Agora ele queria morar comigo e, talvez tenha daí surgido o desprendimento e o súbito presente.

Ele já havia me dado um presente do gênero: um par de óculos escuros, que havia esquecido do presenteado (SIC) e certo dia o pediu de volta. Achei feio, me espantei, mas segundo ele, a memória não alcançou.

Quando ele me pediu a mesa de volta, a mesma mesa que ele havia me presenteado sentado comendo, muito confusa fiquei sem saber ao certo se ele estava caindo no esquecimento ou se eu estava lidando com um mau caratismo sem fim, do tipo menino mimado fazendo birra, afinal estávamos falando de um presente dado, acredito eu, de coração.

Quando vi que a coisa era séria, me recusei a descer no nível de mesquinharia que ele me mostrou. Poderia pedir a camisa que o presenteei, (sim aquela que eu havia ganho de meu primo) com aquele valor sentimental que nenhuma mesa teria. Mas não, quando eu dou um presente, por mais que a pessoa deixe de merecê-lo, eu não sou este tipo de gente que liga para pedir presente de volta, afe.

Pensei que, se baixasse no nível dele, eu perderia de vista meus princípios e educação, mas principalmente o meu tempo: naquele momento, a única coisa importante era me livrar da praga.

Depois de tudo que ele fez, além das mentiras descobertas, uma grande hipocrisia foi constatada, quanta projeção e falta de maturidade poderia caber em um ser só? Digna de pena, mas não a minha.

Para ele dou a mesa de volta, e cada grão de poeira que ele eventualmente tenha deixado perto de mim e só posso desejar uma coisa: nada.

quarta-feira, julho 20, 2011

Dido - Too Bad

Last time I saw you
You left me crying on the floor
You just stepped over me
Running for the door

And if you think I want you back
You must be mad
Even if you were the last man

Cruel does not describe what you were to me
And my smile cannot disguise

And it's too bad
You left me
Too sad you're trying to get back into my life
And it's too bad
You made the wrong choice
Too sad I just don't care
Don't wanna know that I'm right
And it's too bad

The last time I saw you
You said you'd leave me wanting more
And at the time I believed you
And if you say you miss me
You can't have her
No I, I wouldn't touch you

And it's too bad
You left me
Too sad you're trying to get back into my life
And it's too bad
You made the wrong choice
Too sad I just don't care
Don't wanna know that I'm right
And it's too bad

domingo, maio 08, 2011


profissão mãe: 24 horas por dia, 7 dias por semana, o mês todo, o ano todo.

há mães que trabalham mais, outras trabalham de menos, outras não trabalham.

há mães que vivem como rainhas, outras que fazem de tudo para que seus filhos vivam como princípes.

há mães mais dispersas, há mais atentas, outras apenas tensas.

há mães informadas, outras nem tanto. há mães-pais, outras super-mães.

há mães que correm o dia todo, mas quando veem seus filhos, param o mundo para ficar com eles.

há mães que não tem tempo, outras tempo demais.

toda mãe tem sua personalidade e particularidade, tem suas falhas e qualidades,

mas todas tem algo em comum: a responsabilidade de carregar um ser no ventre e depois encaminha-lo para a vida, dando todo o respaldo que lhe for possível.

alguém disse que hoje deveria ser comemorado o dia da mãe.

sabemos que os dias da mãe nossa de cada dia devem ser comemorados todo o santo dia.

sou mãe, só eu sei o que passo, dentro e fora, com e sem, dormindo e acordada, brava e feliz, plena e vazia, cansada e disposta, junto e separado, sorrindo e chorando.

meu maior presente? meu filho.

quarta-feira, abril 13, 2011


um olhar
um sentimento
o vento passou por mim
e soprou
em muita coisa
quase nada
sobras do tempo

o dorso branco
do cavalo magro
reluz na caatinga
na seca
na esperança de vida

sua cercas nos
cercam
os olhos cercam
claro cerrado

o pó da estrada
abraça os raios do sol
que vem da imensidão
do céu ardente

e a alma plaina
filtrada pelo verde
do infinito

uma ponta de vida
debaixo das secas nuvens
nas curvas da estrada
do horizonte luminoso
jan 1995



domingo, março 13, 2011

Caburé novamente

A primeira vez que estive em Caburé tudo era areia e um belo mirante de onde se via o mar separado do rio por uma pequena faixa de areia.
No ar sentia-se o gosto de água salobra*.
O rio, bom para se banhar, limpo e salado me chamava e mostrava sua vontade de me abraçar e levar-me embora maré abaixo.
Depois voltei, e por um tempo fiquei. Conheci gente, troquei idéias, nadei novamente nas águas salobras dessas margens maranhenses.
Deitei na rede e olhei as estrelas, infinitas, que esperavam a lua cheia.
A beira rio cantei as músicas que brotavam na mente e no coração.
Vi a vermelha revoada dos incontáveis Guarás que desfilavam em cima de nossas cabeças enquanto o sol nos dava adeus em um derretido mergulho nas águas límpidas do oceano.
agosto de 2005- Maranhão

saída da escola

Era manhã de domingo e o sol abraçava o chão de terra batida.
O som do motor ligado se confundia com a algazarra das crianças que se aprontavam para sair para o passeio.
Enquanto subiam nos carros, suas risadas misturadas com chapéus coloridos, mochilas, shorts e bonés a balançar com o vento, enchia a atmosfera marrom azulada de Barreirinhas.
A vizinha abria meia porta e colocava apenas o nariz para fora tentando entender o que se passava aqui fora.
A lembrança da chegada a Atins dias atrás, me levou àquele vilarejo por segundos. De volta a Barreirinhas pela passagem e uma bicicleta, me vejo sentada a observar o vizinho que retirava a sua rede-cama da varanda no intuito de começar seu dia.
Os minutos pareciam horas diante do olhar do senhor na varanda que observava a espera ansiosa das crianças.
A professora controlou tudo antes da partida no chão restou apenas a poeira banhada pelo sol que o esquentava.
agosto de 2005

quarta-feira, março 09, 2011

desejo

"Desejo primeiro que você ame,

E que amando, tambem seja amado.

E que se não for, seja breve em esquecer.

E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,

Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,

Que mesmo maus e inconsequentes,

Sejam corajosos e fiéis,

E que em pelo menos um deles

Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,

Desejo ainda que você tenha inimigos.

Nem muitos, nem poucos,

Mas na medida exata para que, algumas vezes,

Você se interpelo a respeito

De suas próprias certezas.

E que entre eles, haja um pelo menos que seja justo,

Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,

Mas não insubstituível.

E que nos maus momentos,

Quando nao restar mais nada,

Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,

Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,

Mas com os que erram muito e irremediavelmente,

E que fazendo bom uso dessa tolerancia,

Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,

Não amadureça depressa demais,

E que sendo maduro, não insista em rejuvenecer

E que sendo velho, não se dedique ao desespero.

Porque cada idade tem seu prazer e sua dor e é

Preciso deixar que entre eles

Escorram entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,

Não o ano todo, mas apenas um dia.

Mas que nesse dia descubra

Que o riso diário é bom,

O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra,

Com o máximo de urgência,

Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,

Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,

Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro

Erguer triunfante o seu canto matinal

Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,

Por mais minúscula que seja,

E acompanhe seu crescimento,

Para que você saiba de quantas

Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo outrossim, que você tenha dinheiro,

Porque é preciso ser prático.

E que pelo menos uma vez por ano

Coloque um pouco dele

Na sua frente e diga “Isso é meu”,

Só para que fique bem claro quem é dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus desafetos morra,

Por ele e por você,

Mas que se morrer, você possa chorar

Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,

Tenha uma boa mulher, que sendo mulher,

Tenha um bom homem

E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,

E quando estiverem exaustos e sorridentes,

Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,

Não tenho mais nada a te desejar”.

[Vitor Hugo]

domingo, fevereiro 20, 2011

the fish need the sea

o sol bate forte
lembro-me de tempos longínquos em terras distantes.
onde o espírito voava mais alto que o corpo,
e o frescor da juventude renovava qualquer ânimo,
abatia qualquer cansaço e aplacava qualquer preocupação.
o sol sempre renova essa sensação de vitalização ao extremo
e, aliado à brisa suave que acaricia meu espírito cansado de guerra
me dá forças para sorrir com estas lembranças,mesmo em terras bem conhecidas.
a brisa parou, a música não.
escolho aquela que nesta manhã me toca e,
sentada no degrau da padoca onde as mesas foram confiscadas,
deixo minha mão fluir e a caneta escorrega pelo papel incessantemente.
não ouço nada além da música e o som das letras que pulam diante de meus olhos.
penso nos encontros e desencontros, em minhas amigas,
meus amores, minhas dores.
não somos perfeitos, mas porque insistimos em errar?
será que o tempo irá nos dar outra chance?
sentada aqui com meu cão amigo noto que a brisa me abandonou e o sol escalda o asfalto.
vontade de água em meu corpo, o corpo água.
sinto algo gelado em minha canela, gusmão se faz presente e pede atenção.
ele me faz companhia e me cobra por ela com seu sorriso prognata debaixo do focinho.
findo minha vitamina revigorante e me preparo para seguir nosso caminho.
a brisa me abraça por inteira brincando com as folhas do caderno,
como que dizendo: LEVANTA!
através da lentes escuras dos meus óculos, devoro o mundo
e deixo-me levar ao ouvir o arranjo de cordas que é tomado pela gaita de fole.
pouso o copo no balcão, agradeço e ganho um sorriso em troca.
ao olhar para trás, vejo que deixo no degrau os resquícios de erros e atos impensados do dia anterior.
hora de mover-se, late gusmão.
desço a rua sem destino e sem hora.
até o sol me expulsar da rua com sua força.
aquela mesma que me alimenta.

the fish need the sea

o sol bate forte
lembro-me de tempos longínquos, em terras distantes.
onde o espírito voava mais alto que o corpo,
e o frescor da juventude renovava qualquer ânimo,
abatia qualquer cansaço
e aplacava qualquer preocupação.
o sol sempre renova essa sensação de vitalização ao extremo.
o sol aliado à brisa suave que acaricia meu espírito cansado de guerra
e me dá forças para sorrir com estas lembranças,
mesmo em terras bem conhecidas.
a brisa parou, a música não.
escolho aquela que nesta manhã me toca e,
sentada no degrau da padoca onde as mesas foram confiscadas,
deixo minha mão fluir e a caneta escorrega pelo papel.
penso nos encontros de desencontros, em minhas amigas,
meus amores, minhas dores.
não somos perfeitos, mas porque insistimos em errar?
será que o tempo irá nos dar outra chance?
sentada aqui com meu cão amigo noto que a brisa me abandonou e o sol escalda o asfalto.
vontade de água em meu corpo,
o corpo água.
sinto algo gelado em minha canela, gusmão se faz presente e pede atenção.
ele me faz companhia e me cobra por ela com seu sorriso prognata debaixo do focinho.
findo minha vitamina revigorante e me preparo para seguir nosso caminho.
a brisa me abraça por inteira brincando com as folhas do caderno,
como que dizendo: LEVANTA!
através da lente escuro do meu óculos, devoro o mundo
e deixo-me levar pelo arranjo de cordas que é tomado pela gaita de fole.
deixo o copo no balcão, agradeço ganho um sorriso em troca e ao olhar para trás,
vejo que deixo no degrau os resquícios de erros e atos impensados do dia anterior.
hora de mover-se, late gusmão.
desço a rua sem destino e sem hora.
até o sol me expulsar da rua com sua força.
aquela mesma que me alimenta.




terça-feira, fevereiro 15, 2011

bicudos


A menina está com dificuldade de entrar em acordo com a seu gato.

Ela quer uma coisa e a moço quer outra, bem diferente do que ela quer.

Eles não chegam a um acordo, ele então faz menção de ceder mesmo a contragosto, mas ela inesperadamente tira o cellular da mão dele e joga no chão, o impedindo de usa-lo extamente no momento que ele estava usando.

Ao fazer isso, diz não querer mais um acordo e explica sua atitude como profilático para evitar brigas futuras. As afirmações dela se desfazem com seu ato.

Se fosse no velho oeste, ela seria julgada e desmetida, sendo informada que os atos explicam mas não justificam a atitude.

Se fosse hoje, acho que ela iria pra cama sozinha, quem sabe pensar sobre seus atos.

Imagem Soul Artesanal

segunda-feira, fevereiro 07, 2011


esta é uma rima de alegria,
da paisagem, da poesia.

fala de amizade e cor,
apostando na lealdade sem dor.

com amizade não se brinca,
é forte como um copo que sequer trinca.

amizade presente no amor, na gente,
onde a troca é o que há de mais quente.

tenha sempre guardado em seu bolso,
ou em algum lugar seguro como um armário ou um calabouço.

não venda não empreste nem dê
um dia você poderá devorá-lo com azeite de dendê.

sorria e não pense na tristeza,
pois isso é uma dádiva,
de inigualável beleza.


Navegar é preciso , viver não é preciso

Em todo lugar que meu olhar se fixa, sempre encontra uma imagem.

Para as nuvens nem olho mais, hoje consigo visualizar as formas mais interessantes até em uma poça de água no chuveiro: a cabeça do pato alienígena que devagar vai se transformando em um ganso observador.

Ainda dentro do chuveiro vejo no padrão que se repete na porta do box o rosto do sujeito mal encarado da esquina que se parece com o pirata de nossas aventuras de infância: muitos mini piratas povoam meu box.

E assim sigo em busca de novas imagens que talvez nunca conseguirei reproduzir mas que minha cabeça povoarão.

o não mergulho


De tão nebuloso, meus olhos não conseguem enxergar.

De tão solitário, seus olhos não conseguem me alcançar.

O futuro logo ali se faz presente,

Podendo então estar ausente.

E quem escolhi estar ao meu lado,

Sem poder olhar de frente, faz o caminho livre para o descaso.

O ouvido que não ouve, o coração que não bate,

O sentimento que não alcança.

A vida deixa de ser a arte do encontro pois uma hora cansa.

Logo ali te encontrei, logo ali te deixarei.

Se as lágrimas insistirem em tomar lugar do sorriso,

O pássaro baterá as asas para voo mais conciso.

Ganhará o azul do mar.

E secando as lágrimas, a falta de ar irá cessar.

Entre as montanhas, o vale ganhará a visão,

Do novo horizonte a ser alcançado com os pés no chão.

Assim termino essa rima tola igual a história de maria e joão,

Com meus sentimentos e coração escancarados em minha mão.