lembro-me de tempos longínquos, em terras distantes.
onde o espírito voava mais alto que o corpo,
e o frescor da juventude renovava qualquer ânimo,
abatia qualquer cansaço
e aplacava qualquer preocupação.
o sol sempre renova essa sensação de vitalização ao extremo.
o sol aliado à brisa suave que acaricia meu espírito cansado de guerra
e me dá forças para sorrir com estas lembranças,
mesmo em terras bem conhecidas.
a brisa parou, a música não.
escolho aquela que nesta manhã me toca e,
sentada no degrau da padoca onde as mesas foram confiscadas,
deixo minha mão fluir e a caneta escorrega pelo papel.
penso nos encontros de desencontros, em minhas amigas,
meus amores, minhas dores.
não somos perfeitos, mas porque insistimos em errar?
será que o tempo irá nos dar outra chance?
sentada aqui com meu cão amigo noto que a brisa me abandonou e o sol escalda o asfalto.
vontade de água em meu corpo,
o corpo água.
sinto algo gelado em minha canela, gusmão se faz presente e pede atenção.
ele me faz companhia e me cobra por ela com seu sorriso prognata debaixo do focinho.
findo minha vitamina revigorante e me preparo para seguir nosso caminho.
a brisa me abraça por inteira brincando com as folhas do caderno,
como que dizendo: LEVANTA!
através da lente escuro do meu óculos, devoro o mundo
e deixo-me levar pelo arranjo de cordas que é tomado pela gaita de fole.
deixo o copo no balcão, agradeço ganho um sorriso em troca e ao olhar para trás,
vejo que deixo no degrau os resquícios de erros e atos impensados do dia anterior.
hora de mover-se, late gusmão.
desço a rua sem destino e sem hora.
até o sol me expulsar da rua com sua força.
aquela mesma que me alimenta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário