sábado, setembro 08, 2012

estórias de fantasmas

No meu plantão pós feriado no trabalho, recebi a feliz visita de minha amiga Mari e sua linda filha Marcela.
Acompanhei a visita delas o quanto pude e, ao levá-las até a casa Rosa, que foi por um tempo a escola rural do Instituto Butantan, comecei a contar as estórias de assombração que me contaram quando cheguei por ali.
Marcela, que tem 10 anos, não poupou-me em cortar minha alegria dizendo não ter medo de estórias assombradas, mas mesmo assim, ao longo da visita, me encheu de perguntas sobre as tais estórias.
No final ela não estava satisfeita, queria mais estórias enquanto meu repertório havia terminado.
Almoçamos juntas e comentamos como o meu filho fez falta para o quarteto estar completo, mas quando cheguei em casa, contei a ele sobre a visita e os comentários.
Estávamos lanchando eu e meu filho e contei também sobre as estórias de fantasmas que havia contado à Marcela, a amiga dele, naquela tarde. Ele riu e disse:  mãe, não existem fantasmas, eu pessoalmente já testei isso.
Perguntei como ele havia testado, e ele, calado, se levantou e sumiu da copa. Vi que ele cochichou algo com sua avó e desapareceu escada acima.
Um grande silêncio se fez e ao terminar meu lanche levantei-me e me dirigi às escadas para resgatar o pequeno, que deveria ter me esquecido depois da conversa de fantasmas.
Estava na metade da escada quando levantei o olhar para o topo dela e vi a figura que me aguardava: era um fantasminha juvenil debaixo de um lençol dando risada bem baixinho tentando disfarçar a alegria excessiva comprobatória de sua teoria. 
Não segurei o riso quando juntei as peças do quebra-cabeça: ele lançou sua teoria de teste e sumiu para prová-la se vestindo de fantasma, finalizando sua comprovação tão óbvia: mãe, não existe fantasma, eles na verdade são pessoas fantasiadas debaixo de lençóis. 

quarta-feira, julho 18, 2012

Apenas seguir


Há dias que você se sente mais derrotado que outros.
Quando se dá conta, já proferiu palavras que feriram e já deixou o impulso te levar por caminhos de pouco brilho.
Quando a ficha cai e o sangue esfria, a dor tem seu lugar garantido.
O melhor a se fazer é deixar que as lágrimas escorram e molhem a alma machucada; deixar o silêncio ser sábio e amargo a ponto de te fazer pensar.
Sentar-se debaixo do chuveiro quente e pensar em absolutamente tudo que você gostaria de mudar pode ser um começo. Não ficar só, mas sim ficar em companhia de si mesmo, em confidência com a pessoa que você mais convive e deveria confiar para achar as respostas que buscas.
Tentar de todas as maneiras aplacar esse sentimento ruim que corroi a alma é natural, mas o mais importante é deixar que, junto com a água, escorra seu sentimento de culpa, afinal somos humanos e estamos fadados a errar, seja por qual motivo for.
Se estas sentindo só como uma uva perdida embaixo da parreira, faça um chá, coloque uma música bonita e calma, deixe a água quente escorrer pelas costas, solte os pensamentos e mais do que isso: perdoe a si mesmo.
Pois sem ele, você não será capaz de aprender e seguir em frente.

quinta-feira, julho 05, 2012

Vôo

sou moça, sou mulher, sou casa, aconchego.
sou menina mulher, embebida de olhos negros.
o olhar profundo escorrega no abismo que observo.
sou artista na gaiola.
sou pássaro sedento por liberdade.
ganho o céu, voo livre:despenco no abismo e brinco nas alturas.
de olhos fechados me entrego, me jogo, me olho.
o abismo que olho, agora me observa atentamente.
sinto o peso leve que me leva para baixo e um golpe de vento me joga para cima.
o abismo se abisma e precipita...e eu me alontano.
simplesmente voo, eu mulher pássaro.

quinta-feira, junho 28, 2012

Ônibus



O sacolejar do ônibus deixa a musica mais agitada. 
A menina ao meu lado se contorce quando tiro o celular do bolso para escrever, mas o que posso fazer se, o meu encostar de cabeça no banco foi abruptamente iluminado por um raio furtivo que adentrou pelo teto solar e beijou minhas pálpebras sonhadoras? 
Isso me inspirou e a luz provocadora me trouxe de volta de Buenos Aires quando abri os olhos.
Céu cinza e a cabeça repleta de gottan project me inspira ainda a dar continuidade ao
frenético teclar na vã tentativa de conseguir registrar tudo que vai dentro da minha
cabeça.
Deixo me levar pela melodia e os amigos portenhos se despedem, fico com a loira
incomoda do mesmo banco...ja nem ligo para ela, que murmura algo. 
Ignoro: a musica acaba e da lugar a outra na língua castelhana.
Deixo a voz adocicada da cantora me envolver enquanto seguimos no lusco fusco do caminho.
E claro que o trânsito infernal dessa cidade de pedra nos testa a cada trecho percorrido.
Mas daqui a pouco chegarei no meu destino, abadonarei as buzinas, as infinitas luzes vermelhas e a loira emburrada ao meu lado...
aí sim começarei a pensar no próximo post...

obrigada pela caneta Rodrigo

domingo, maio 13, 2012

Sonhar


sonhei uma vez que tinha conhecido uma pessoa em um lugar distante da minha terra;
sonhei que poderia ter acontecido algo entre nós,
e o tempo simplesmente passou...
e um belo dia voltei a sonhar
e sonhei que essa pessoa tinha aparecido na minha vida novamente, mas não entendi bem o sentido...
e sonhei que o vi em um bar, bebendo com amigos, com pessoas conhecidas nossas.
sonhei que ele me queria, mesmo depois de tanto tempo...
simplesmente sonhei...
sonhei que poderia beijá-lo como nao tinha feito há dezesseis anos...
e sonhei que este sonho tinha virado realidade!
e que eu poderia sentir o que não tive a chance de sentir há tempos...
sonhei que tivemos uma noite mágica e que poderia durar o tempo que fosse...
sonhei que poderia ter vivido muito mais do que vivi...
sonhei que eu não tinha medo de sentir, de gostar, de viver...
que nos despedimos como nos filmes de cinema, coisa surreal de tão boa.
e sonhei que o veria novamente...

sonhei que ele não significava nada para mim, assim eu não sofreria com a separação.
mas sonhei também que sentia coisas fortes em relação aquela pessoa quase desconhecida.
e sonhei que ele queria ter mais um momento somente nosso, que eu queria também...
sonhei que fugimos de tudo e todos e tivemos de fato nosso momento, no início meio espinhento e descuidado um com o outro, mas depois suave e terno...regado a um bom vinho, comendo uma comida colorida cheia de sonho...

e sonhei que fomos tomar uma ultima cerveja juntos, todos amigos juntos.
sonhei que ele recebeu um telefonema no meio da comemoração e sua cara fechada me mostrou coisas que eu nao tinha visto antes nele...
sonhei que procurei seus olhos e não mais o vi naquela noite, o perdi.
e sonhei que se trouxe a tona assuntos tão delicados que eu não soube lidar,
sonhei que falei coisas das quais não me orgulho, pois são tão doloridas e dificeis de lidar que não sei nem como fazer isso...
sonhei que já estava bem ébria e em meio a um periodo dificil, ficou mais dificil lidar com feridas antigas...

sonhei que, ao me dar conta de ter visto coisas feias na pessoa que havia jantado comigo e me beijado com tanta paixão na outra noite, mostrei também coisas feias de mim.
sonhei que assim seria mais fácil me desvincular de um sonho impossível

sonhei que os ultimos momentos foram muito ruins.
sonhei que ele pedia desculpas que nao estava mais ali comigo...
 e sonhei que não me dei conta de muitas coisas que me dou conta agora...
sonhei que mostrar coisas feias às pessoas não é a melhor tática de esquece-las
mas as vezes fazemos isso insconscientemente...

e assim sonhei que o encanto se desfez, tão rapidamente quanto se fez...
e sonhei que poderia ter fechado a historia de outra maneira
sonhando assim que essa pessoa pode ter aparecido somente para me contar que posso gostar de novo de alguém de verdade, real.

sonhei assim que sentir coisas boas é bom, é sentir-se vivo, pois sonhei que estava dormindo, com o coração dentro da geladeira, com medo de sentir de gostar...

sonhei que encontrei o sentido dessa pessoa ter aparecido de novo:
a razão era para me mostrar que posso sonhar de novo

domingo, maio 06, 2012

Passado

Pequenas bolhas borbulham bordeando meu estômago.
a música alta nem me incomoda:
ela serve de trilha sonora para a incansável subida das bolhas no copo dourado,
que brilha no foco focado no único ponto de luz fixo.
algo destoa, mas mesmo assim nada estraga a espera.
a ausência já preenche o espaço no banco vazio à minha frente.
o desconhecido me intiga,
e a lembrança do último encontro 
enebria a alma inquieta.

quarta-feira, maio 02, 2012

TUNNG no MIS


incrível como abrir uma gaveta e achar um pedaço de papel ou sentir um cheiro antigo no ar ou mesmo achar um vídeo feito de maneira casa-eira (SIC) possa te levar para outros lugares em segundos.
hoje eu voltei no tempo, cliquei em um vídeo guardado há tempos, e esses cinco minutos me tocaram a fundo. gravei correndo, não ficou profissional, mas ficou na memória do coração, na minha memória.
hoje estive por alguns minutos de volta àquele auditório escuro com aquele show de luzes e sons. lembrei das pessoas com as quais convivi naquele ano tão bom e tão ruim, resquícios do que a vida pode nos trazer e ensinar.
levo essa música do Tunng em mim, como marca de um tempo vivido, de emoções sentidas a fundo, de aprendizados políticos infindáveis, de relações descobertas e principalmente de mim menina mulher vivendo intensamente, pois não sei viver de outra maneira...

vontade de ser mais

às vezes essa sensação de ser uma formiguinha não desgruda de meu âmago.
é certo, elas tem seu mérito: carregam coisas acima de seu peso, para lá e para cá, trabalham muito, constroem precisos complexos onde moram. e tudo isso para um dia vir alguém e furar entrada de sua casa e se alimentar de suas colegas. mesmo assim, elas pacientemente começam a construir tudo de novo.
as formigas são organizadas, são cúmplices, são uma equipe.


eu não sei trabalhar se não for em equipe, não sei viver de forma isolada. 
certo que temos nossos momentos de isolamento, mas não dura, 


qualquer hora você sente saudade de um bom bapo com uma amiga, 
ou quer dar risada na mesa de um restaurante.
quer ver, quer ser visto.
ou nem isso, quer somente se relacionar, ouvir musica, se divertir, 


simples como o suave bater das ondas na rocha,
do sorriso maroto da criança no carro ao lado,
da pincelada de um artista na tela branca,
o bater das asas da borboleta recém saída do casulo,
o abanar do rabo do cão que vê seu dono,
do queimar de uma vela,
do gole de vinho absorvido pela boca,
de um olhar confidente entre amantes,
do silencioso nascer do sol,


simples como uma formiga.

Silenzio


Il silenzio mi abbraccia, mi coinvolge
e coinvolta mi trovo
lui mi soffoca e me stringe contro il muro
stringe in me stessa
lui mi conforta, mi abbraccia e mi protegge
dentro de lui riesco a trovare tutte le risposte
de tante domande
dentro de lui mi sento sola
persa nella scurità
persa nella immensità
nello silenzio mi incontro e mi sento persa
mi capisco
lui é mio amico, mio confidente
nella difficile caminata di molto lavoro
silenzio,
cosa vuole di me?

no inverno tudo parece tudo meio inferno
esse frio que não passa
essa fome que me mata
fome de gente
fome de luz
de calor
inferno que não queima, 
congela
a alma da gente
o sorriso, o abraço
a distancia que silencia
a voz que não grita
mas ecoa na alma
silencio
solidão
reflexo
apenas frio

quarta-feira, abril 18, 2012

Silêncio
Fecho os olhos e só vejo o silêncio
Tento resgatar a melodia do passado
Do amor, do calor, carinho
Me deparo com uma parede de gelo
E o silêncio que me consome
torna-se o frio que aquece o sangue
Fico olhando meu hálito congelado
Congelando minha alma
Dói
Olho pra luz
Vejo um vulto
Grito
Minha resposta é o silêncio
Grito mais alto
mas
Ninguém me ouve
Ninguém me vê
Ninguém 

quarta-feira, março 14, 2012

Entardecer

Debrucei-me no parapeito da janela e olhei para fora. Vi a rua muitos andares abaixo, observei as pessoas caminhando no lusco-fusco.
Meu olhar se voltou para o prédio do outro lado da rua e, diante dos meus olhos podia ver mais de sessenta janelas que aos poucos iam acendendo as luzes com a chegada da noite. Podia ver janelas abertas, outras fechadas, outras sem luz nenhuma, haviam aquelas com meia persiana e, aos poucos, as pessoas começavam a povoá-las.
Fui percebendo que as janelas estavam povoadas de mulheres, e todas se arrumavam: saíam nuas do banho, se vestiam e se pintavam. Invariavelmente estavam sozinhas e havia algo em comum a todos os quartos: em todos a televisão estava ligada, o que fazia daquele prédio uma cortina de retalhos luminosa.

Uma das janelas me chamou atenção. Parecia apenas uma garotinha, seu corpo era incompleto, infantil. Quando tirou a blusa, quase não tinha seios, estava diante do espelho e se pintava com cuidado. Percebi que o que achava que era uma garotinha, na verdade se tratava de uma prostituta se arrumando para começar seu turno. Ela não estava sozinha e não demorou muito pude visualizar sua companhia que passou rapidamente pela janela, era um homem. Ela continuou se pintando sem blusa e quando se virou de frente para a janela, percebi que não se tratava de uma menina e sim de um travesti.
Pensei que poderia ser um travesti morando com seu cafetão...
Quando a companhia da figura que se arrumava diante do espelho saiu do banho, para minha surpresa o vi vestido, de boina na cabeça com roupas extremamente justas e gestos bem afeminados.
Seria um casal?
Dali um tempo de observação, notei que os dois discutiam. Ela pronta para sair com sua mini saia vermelha e um top da mesma cor fazendo conjunto com o sapato reluzente. No meio da discussão, os dois se afastaram da janela.
Voltei os olhos cansados para a rua, já havia decorado como um jogo de memória, todas as peças que circulavam pela calçada em busca de programas. Abandonei o parapeito em busca de um copo de água e quando voltei, havia uma figura nova na rua. 
Além das duas mulheres reconchudas que não arranjaram programa e a outra mais ousada com formas mais delineadas que conseguiu arranjar-se com dois prováveis turistas, a figura nova era nada menos que quem eu observara o tempo todo se arrumando. Não demorou muito e logo se arranjou com uma carona após duas ou três propostas de transeuntes aleatórios.
Quando fui conferir o que havia acontecido com sua companhia, percebi que debaixo das roupas justas e da boina, morava outro travesti, que agora se pintava na frente do espelho. Por um momento largou tudo e veio até a sacada olhar a outra que havia saído: tarde demais, ela já havia entrado no carro. Ele ficou a olhar para baixo, como eu, só que eu era invisível.
Abandonei novamente minha função de observadora e me sentei na cama. Agora comia batatinha frita enquanto observava a figura do outro lado da rua que ainda buscava sua companhia lá embaixo, na rua.
De repente algo me chamou a atenção: uma quebra crescente do barulho habitual dos últimos minutos de carros acelerando e brecando na rua. Quando me aproximei da janela, ouvi gritos no ar, as pessoas estavam agitadas e ninguém sabia de onde vinham os gritos, que foram aumentando cada vez mais, assim como a expectativa para saber de onde vinham os tais gritos.
Pude distinguir duas figuras correndo sem saber ao certo qual direção seguir, corriam com toda sua energia empurrando quem estava no caminho, atravessaram a rua e sumiram a esquina. Na cola deles estava uma loira com 99% de chance de ser uma turista recentemente roubada; ela era a dona dos gritos, e corria desesperada.
Quando os dois cruzaram a rua em direção à esquina, apareceu um carro cantando pneu na contramão com a sirene ligada, eram policiais civis que chegaram segundos mais tarde e perderam os ladrões.
Provavelmente aquela turista perdera tudo que carregava, ou quase tudo... e pensei na maldade humana.
O que os homens fizeram com eles mesmos?
Minutos depois tudo voltou ao ritmo anterior: pessoas andando, prostitutas buscando clientes, cada um seguindo sua vida.
Como se nada tivesse acontecido.
Voltei para a cama e terminei o pacote de batatinhas.
Era noite.

Roma 27 di luglio'93

domingo, janeiro 15, 2012

Cómo hacerte saber que siempre hay tiempo?

Que uno sólo tiene que buscarlo y dárselo.
Que nadie establece normas, salvo la vida.
Que la vida sin ciertas normas pierde forma.
Que la forma no se pierde con abrirnos.
Que abrirnos no es amar indiscriminadamente.
Que no está prohibido amar.
Que también se puede odiar.

Cómo hacerte saber
que nadie establece normas, salvo la vida!

Que el odio y el amor son afectos.
Que la agresión porque sí, hiere mucho.
Que las heridas se cierran.
Que las puertas no deben cerrarse.
Que la mayor puerta es el afecto.
Que los afectos nos definen.
Que definirse no es remar contra la corriente.

Que no cuanto más fuerte se hace el trazo, más se dibuja.
Que buscar un equilibrio no implica ser tibio.
Que negar palabras implica abrir distancias.
Que encontrarse es muy hermoso.
Que el sexo forma parte de lo hermoso de la vida.
Que la vida parte del sexo.
Que el por qué de los niños tiene un por qué.

Que querer saber de alguien no es sólo curiosidad.
Que querer saber todo de todos es curiosidad malsana.
Que nunca está de más agradecer.
Que la autodeterminación no es hacer las cosas solo.
Que nadie quiere estar solo.
Que para no estar solo hay que dar.
Que para dar debimos recibir antes.

Que para que nos den, también hay que saber cómo pedir.
Que saber pedir no es regalarse.
Que regalarse es, en definitiva, no quererse.
Que para que nos quieran debemos mostrar quienes somos.
Que para que alguien sea, hay que ayudarlo.
Que ayudar es poder alentar y apoyar.
Que adular no es ayudar.

Que adular es tan pernicioso como dar vuelta la cara.
Que las cosas cara a cara son honestas.
Que nadie es honesto porque no roba.
Que el que roba no es ladrón por placer.
Que cuando no hay placer en hacer las cosas, no se está viviendo.
Que para sentir la vida no hay que olvidarse que existe la muerte.
Que se puede estar muerto en vida.

Que se siente con el cuerpo y la mente.
Que con los oídos se escucha.
Que cuesta ser sensibles y no herirse.
Que herirse no es desangrarse.
Que para no ser heridos, levantamos muros.
Que quien siembra muros no recoge nada.
Que casi todos somos albañiles de muros.

Que sería mucho mejor construir puentes.
Que sobre ellos se va a la otra orilla, y también se vuelve.
Que volver no implica retroceder.
Que retroceder puede ser también avanzar.
Que no por mucho avanzar se amanece más cerca del sol.

Cómo hacerte saber
que nadie establece normas, salvo la vida!

Mario Benedetti

sábado, janeiro 14, 2012

serenamente serena

A leveza da alma transparece até nos menores gestos.
O corpo lavado denuncia toda satisfação que exala pelos poros recobertos de história.
O olhar atento não deixa escapar o fio da reconquista de si mesmo.
O silêncio estridente penetra na garganta e o cheiro sereno da tranqüilidade inunda o ambiente.
O avião que corta o ar.
O carro que não segura a buzina.
E novamente o silêncio
Interno externo internamente
O corpo flutua
A mente alcança
A vontade existe
E o bater de asas me leva para longe
Mesmo sabendo muito bem onde estou
Finalmente sabendo onde realmente me
Encontro encontrando
De fato meu reflexo

Sensazioni

Cuidar de si mesmo é um exercício.
É um simples pensamento que começa com um gesto.
A vida é recheada de grandes desafios e neles descobrimos do que somos capazes.
Buscar o encontro de si mesmo já é o maior de todos.
O vazio que julgava ser de tua ausência, reconheço dentro de mim, não como ausência, mas como espaço a ser preenchido.
Momentos finais antes de iniciar o primeiro gesto de um simples pensamento, me paralisam e me fazem olhar para trás na vã tentativa de resgatar o impossível.
A jóia dos relacionamentos continua igualmente importante, o cuidado com o entorno é que se torna mais constante.
Em um breve respiro, desejo um mundo onde possamos ser não mais do que nós mesmos, e no sopro do vento gelado, encontro a realidade.
Me sento aqui ao lado da cama vazia iluminada apenas pela fraca luz do abajur e tento traçar estratégias para preencher o que falta.
Estou só, a decisão é unicamente minha e a sensação da saudade de tempos ainda não vividos machuca meu coração.
É preciso deixar as lágrimas levarem o que dói, clareando para encontrar, em meio ao desfoque ocular plenamente sentimental, o que é de fato importante.
Para finalmente poder enxergar o possível, o atingível e o realisticamente conquistável.
Fecho os olhos para obter boas energias para o dia de amanhã.

Classe

“Nunca pude aprender nada
com aquele mestre; ele
não me amava”.

Xenofonte
430 a.C.
Não importa onde você parou...
Em que momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é necessário 'recomeçar'.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e, o mais importante...
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
Foi aprendizado...
Chorou muito?
Foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por muitas vezes?
É porque fechaste a porta....
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início de tua melhora...
Onde quer chegar? Ir alto?
Sonhe alto...
Queira o melhor do melhor...
Se pensarmos pequeno...
Coisas pequenas teremos...
Mas se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente, lutarmos pelo melhor...
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura."
(Carlos Drummond de Andrade)

Amor - Artur da Távola


Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga. 


Tudo o que todos querem é amar. Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras. 
Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado. Tem algum médico aí?? 
 
Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que? O amor. Mas não o amor mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar. O que sobra é o amor que todos conhecemos, o sentimento que temos por mãe, pai, 
irmão, filho. É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo. 
 
Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus. A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna. Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável. 

O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência. Amor, só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. 
Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar. 
 
Amar, só, é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo prá cada um. 
 
Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, "solamente", não basta. 

Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode  nos bastar, mas ele próprio não se basta. 
 
 Um bom Amor aos que já têm!