terça-feira, agosto 19, 2008

é incrível como a vinda de um serzinho sem maiores pretensões pode acarretar grandes mudanças em nossa vida. vinda do gusmao tem feito isso, ele tem me feito sair de casa, mas sair de casa no sentido físico-mental; pois as vezes saimos de casa já pensando o que temos que fazer quando voltarmos, sem sair efetivamente da casa, a não ser fisicamente. reaprendi a caminhar, tenho olhado para as casas, descoberto cantinhos escondidos, pensado na vida ao ar livre, nas flores que estavam naquele jardim ontem e hoje já se renovam, lembrado de pessoas, de momentos que passaram na minha vida, comigo, amigos, ex-amigos, pessoas que simplesmente passaram, outras que ficaram...tenho descoberto um momento meu onde eu cuido de um outro ser, que na verdade me leva para passear, tenho feito amizades, aprendido a conhecer as pessoas do cotidiano da região e até aprendido o nome das ruas adjacentes.

um respiro aliviado de curtir um simples passeio, um passeio despretencioso que nos inspira a viver melhor, a valorizar as pessoas e momentos de nosso presente, um passeio que nos clareia a visão, os sentimentos e nos deixa mais leves. um passeio onde se possa flagrar dois amigos/vizinhos conversando neste veranico na garagem tomando uma cervejinha, um passeio onde sem querer reveja amigos de colégio que estão por acaso sem o acaso marcado no bairro filmando um curta, onde se possa pensar na vida, possa conversar com pessoas na rua, deixar a carranca e escudos em casa e se relacionar despretenciosamente com as pessoas que vivem no mesmo bairro que você...

uma vinda despretensiosa com grandes pretensões afetivas.
creio que ele me laçou.

segunda-feira, agosto 18, 2008

hoje abri meu perfil e o numero de visualizações estava na marca dos 666.
um frio percorreu minha espinha. porque sera?
esse numero é tão iconográfico para nós que, quando nos deparamos com ele, nao vemos a beleza plástica da repetição, lembramos de outras histórias...
sinistro!

quinta-feira, agosto 07, 2008

"Amizade consiste em esquecer o que se dá e lembrar o que se recebe."

ALEXANDRE DUMAS, O MOÇO (1824-1895)

domingo, agosto 03, 2008

mix


dias lindos de sol
noites estreladas estaladas de frio
voglia di ritornare
ganas de estar
ho voglia di sentire ancora
volver
Sai de casa meio ressabiada, o chão estava molhado depois de quase um mês de estiagem.

A rua estava vazia, poucos carros passavam, poucas pessoas caminhavam, o frio reinava e eu tentava me esquentar dentro do casaco. O clima me remeteu à lugares distantes em tempos vividos há muito, muito tempo.

A lente dos óculos escuros escondia o esforço de estar ali fora, quando o que mais queria era estar dentro. Talvez dentro de mim mesma.

Senti vontade de voltar assim que atravessei a rua, mas encarei uma volta no quarteirão: desviar das pessoas no ponto de ônibus em frente a escola; cruzar com o mesmo senhor gastando água em sua calçada; os mesmos cheiros e lugares, as flores que se renovam, a barraca de pastel que fica ali solitária na esquina dominical, o mendigo que talvez nem tenha dormido na sua calçada úmida esta noite, não deixou de varrer as folhas acumuladas no chão.

A volta se completa, e a única coisa que quero é voltar para dentro. Preciso disso. Agora.

A letra da música "Across de Universe" ecoa na minha cabeça e sou obrigada a discordar do refrão: Nothing's gonna change my world - Já está tudo mudando, já vejo coisas mudadas nesse breve espaço de horas corridas entre ontem e hoje.

Sei que depois que sair do casulo, o sol estará brilhando novamente, tudo em seu devido equilibrio, inclusive eu mesma.

E o refrão muda instantaneamente: Here comes the sun...

o gosto dos sons

a grama acaricia a sola dos pés, e se não está banhada pelo sol, a sensação gélida toma conta do corpo inteiro.
as folhas balançando ao sabor do vento, os grilos e pássaros cantando são complementados por um galo que canta tardiamente ao fundo, essa é a música do ambiente.
o vôo silencioso de um pequeno gavião rasga o céu estupidamente azul.
a brisa acaricia os cabelos sedentos de cafuné e a voz das crianças brincando na varanda traz alento ao coração.
de quando em quando a natureza interage de alguma maneira: seja o zunido de alguma abelha distraída em seu incessante trabalho diário, seja a aparição de algum pequeno inseto escalando minha perna como se meu corpo fizesse parte dos obstáculos de seu caminho.

o caseiro sai com sua bicicleta para alguma tarefa na cidade, denunciada pelos sons dos carros que passam ao longe, bem ao longe.
o cansaço da longa caminhada pelas ruas de pedra e terra que nos trouxeram até aqui, se desmancha em uma confortável cadeira que repousa no meio do gramado onde contemplo, apenas contemplo.
a calma se interioriza,
o corpo relaxa e a mente descansa.
o sol me abraça e o sono vem, de mansinho.
a única preocupação neste momento é descobrir qual pássaro canta na árvore mais próxima.
fecho os olhos e me deixo levar...