quarta-feira, dezembro 19, 2007


Amiga,
As meninas amaram o temaki
Da outra noite...
Vc faz falta...
Aqui conosco....
Mas se você esta feliz, também estou...
Mandarei o pen drive emprestado por portador amanhã visto que perdi a viagem hoje...


Ta?
A gente foi almoçar hoje no mineirim...
Muita mulé junto, e ta chovenú...
Muito
Por estes lados
Sentamos para comer...
A chuva apertou...
Voltamos debaixo de chuva forte...
Todas molhadas,,,
Difícil trabalhar com a barra da calça molhada...
Debaixo da mesa.


Quando faz calor, gostamos, mas reclamamos,
Quando chove, é bom também, mas sofremos.


Na verdade ninguém gosta de ficar nem esturricado
e nem muito molhado.


saudades molhadas
L.

terça-feira, outubro 30, 2007

Todo dia o mesmo caminho.
Os carros parecem os mesmos.
Na verdade nesta manhã de sol, já quente as oito da manhã, os carros me parecem mais numerosos do que os outros dias.
Paro de cem em cem metros, a cada sinal vermelho que me impede de chegar em meu destino o quanto antes.
Sempre na correria.
Estava relendo o texto que escrevi há pouco sobre os taxistas. São apenas divagações, mas de um ponto de vista de alguém extremamente de acordo com a velocidade que esta cidade nos impõe.
Percebi que preciso de uma dose de Ceará, visto que faz um bom pedaço que não apareço por lá. Ir para o nordeste me ralenta e me traz calma, justamente a calma que preciso para sobreviver por aqui.São 12 anos de namoro, e meus amigos de lá não entendem isso, aliás eles não entendem porque não fico por lá de uma vez por todas.
Nem eu entendo.
Justifico a falta de coragem, eles contra-argumentam dizendo que sou teimosa. Pode ser.
Ontem me dediquei a uma faxina em meus velhos manuscritos, guardados com tanto afinco por tanto tempo.


Abri caixas de cartas e bilhetes já amarelados e amassados pelas lembranças que traziam consigo. Comecei a abrir pacientemente um a um, lendo e tentando guardar em meu chip pessoal uma lembrança das pessoas que escreveram coisas, há tanto tempo, para a então menina que vivia coisas incríveis na descoberta do mundo.
Meu horóscopo me avisou que eu entraria em contato com meu passado neste dia e que era para eu aprender algo. Bem, entrar em contato com o passado eu entrei, mas aprender, não sei bem, talvez constatar que fui muito importante para algumas pessoas – segundo elas.
Claro que havia guardado somente as cartas mais interessantes do ponto de vista amoroso/romatico, fiquei até lisonjeada com os elogios e declarações, mas isso faz parte justamente do passado. Nós mudamos, vivi muito, pude perceber isso pelas cartas e bilhetinhos.


Deparei-me em fotos e tempos diferentes do que sou agora. Por horas estive dentro das salas do cursinho, estive viajando, voltei aos anos noventa, auge de minhas aventuras em busca de mim mesma, seja aqui, seja na Europa.

Peguei-me revivendo mmomentos,emoções e sentindo as mesmas sensações que permearam a alma de uma jovem sedenta em tempos vividos.

Questionamentos vieram a tona, porque não fiquei longe, não me virei lá fora, Tanta coragem para sair e nenhuma força para ficar. Nesse pacote vieram as pessoas que por minha vida passaram, havia gente que nem sequer me lembrava.
Foi um flash, foi profundo, foi forte, e por mais que eu desejasse ter essas lembranças todas de volta para a velha caixa de sapatos, consegui absorver todos estes momentos e jogar o que restou deles no lixo reciclável, claro.
Ai, que saudades de poder sentar na rede e ficar naquela vida besta do momento.

Pelo menos por um momento.

terça-feira, outubro 09, 2007


"Mude suas opiniões,

sustente seus princípios;

troque suas folhas,

mantenha intacta suas raízes"

Victor Hugo

domingo, outubro 07, 2007

penumbra--o resgate de uma poesia



pessoas, que pessoas...
anjos guardiões
acalmai as sombras
despertai as lâminas
lápides
insensível sensatez

olhares, olhares...
toques vãos
sensações vazias. toques.

crise
subterrânea
espontânea
momentânea
crise
confusa
uma crise
um momento
inserido em intervalos de vários outros momentos
vãos estes ou não.

pessoas
quem está por perto
quem existe por perto
quem vive perto
quem passa perto
longe está
com quem contar
com quem cavar
com que começar

oh mar, oh céu, oh nuvem
natureza pelo simples fato de ser e existir
pessoas
viver
sobreviver
querer
obter
responder
perder

nova procura
arranjo desarranjado
a noiva que chora
o sol que desaparece
aparecendo as pessoas
na penumbra
e as pessoas parecem
rir
apenas rir
de si mesmas,
com outras pessoas
nesse espetáculo da vida
pessoas?
essas pessoas!...


escrita em 25 de abril de 1995

sexta-feira, outubro 05, 2007


non era alfabetizzado
non sapeva leggere
ha chiesto che cosa fosse stato scritto nell'imballaggio della pallottola
ho risposto che sapeva leggere e quindi conosceva le lettere e
gli è bastato unirle
ha cominciato semplicemente leggere
BANANA
MELA
LIMONE
E per la prima volta en vita sua lo ha fatto in modo indipendente


ele não foi alfabetizado
ele teoricamente não sabe ler
ele perguntou o que estava escrito na embalagem da bala
respondi que ele lesse, pois já conhecia as letras e era só juntá-las
e ele simplesmente começou a ler
BANANA
MAÇÃ
LIMÃO
suas primeiras palavras lidas de maneira independente e autônoma

quinta-feira, outubro 04, 2007


hoje em dia é mais raro ter amigos que te convidem para o casamento.

é mais fácil juntar,

é muito caro fazer festa e sair de lua-de-mel [não lua-de-mal]

caro comprar o apartamento, quando não se vive de aluguel

se gosta, junta

se quer tudo, pode-se criar uma zona de atrito entre o casal


Sábado passado eu fui convidada para um casamento

Aquela coisa de cartório que eu nunca tinha ido

Aquele tanto de gente se embolando para ver os noivos dizendo SIM para o juiz de paz

Mas fiz questão de ir, minha amiga de infância!

Casando com o homem que ela escolheu


depois fomos todos para Embu

restaurante de uma baiana casada com um alemão

no carro eu contava minha vida para a irma da noiva

que vi crescer,

que cresceu junto comigo


E ela me falou uma frase que está ecoando em minha cabeça desde então:

As pessoas surgem em nossa vida

for a reason, for a season, for a life

e descobri que ela tem razão


terça-feira, outubro 02, 2007

NEURAS URBANAS I

PORQUE os taxistas são os motoristas mais lentos do transito?
eles andam a 20 km por hora quando estão procurando passageiros,
pois se andassem rápido, acabariam por correr o risco de perder algum transeunte aflito por um taxi.
MAS mesmo assim, quando estão com o passageiro dentro de seu veículo,
eles continuam sendo motoristas lentos,
pois obviamente, quanto mais tempo ele tiver o cliente dentro de seu carro,
maior será seu pagamento.
TODA vez que entro em taxi é por pura necessidade,
e sempre que entro, pergunto:
'quanto tempo o senhor leva para chegar em tal rua, preciso chegar lá em 10 minutos' ,
visto que uso este meio de locomoção apenas em casos extremos.
aqueles que batem papo o tempo todo,
fazendo com que nem pensemos no caminho, nas contas a pagar ou na secretária do lar que foi despedida na sexta feira deixando a casa um caos;
há aqueles que reagem de acordo com o passageiro, se este fala, eles falam também,
se eles entram e saem calados, assim se portam em respeito ao cliente.
MAS o que mais me intriga e não me refiro somente aos taxistas,
é porque os motoristas em geral sempre que estão dirigindo em linha reta ou curva,
entram sutilmente na faixa em que você está?
e se não fosse por diversas vezes, por sua abençoada buzina, eles [e não são poucos],
poderiam ter batido diversas vezes em carros como o teu,
que está passando ao lado desses distraídos,
que nem reparam na divisão de faixas na rua...

quarta-feira, setembro 26, 2007

sexta-feira, setembro 21, 2007

frases



A água que bebi

na fria fontana

queimou meus lábios


A água de tão fria,

como fogo ardia

até minha alma.


Ledo Ivo


Muitas vezes a decisão

é a arte de ser cruel a tempo.





Henry Becque

flor de liz



os primeiros dias foram os mais difíceis.
os pensamentos pareciam tambores ecoando dentro de mim.
as lembranças me vinham à frente dos olhos sem minha permissão.
me pegava parada imersa em pensamentos entre o real e o colorido ilusório da dúvida.
os questionamentos me queimaram a pestana em busca de explicações lógicas para a imposta situação.

doía lembrar,
doía saber que a única coisa que eu tinha eram apenas vestígios de minhas lembranças,
doía saber que não podia ter mais nada,
doía saber que eu teria que me apoiar somente em mim mesma,
doía a frustração da impotência diante de fatores externos.

os dias foram passando
as vezes achava que não podia respirar direito.
pratiquei o exercício de controlar-me para que, ao descobrir-me imersa em momentos de ausência,
não deixar que o estranhamento prevalecesse.

até que a nuvem a minha frente começou a dissipar-se.
uma música saiu de minha boca e me deixou leve.
a lembrança da voz de djavan cantando flor de liz me trouxe muita calma.
explicou muita coisa.
me acalmou, e voltei a sorrir.

já estava melhor.
isso era fato, pois hoje duas semanas depois estou de pé.
a recuperação foi rápida e já dou risada quando olho para trás.
e roubo as palavras de Cyro dos Anjos:
A vida é um tecido de equívocos...

quinta-feira, setembro 20, 2007

vitae et mortis

"...queixa-se de uma saudade que a acompanha a cada momento, saudade de alguma coisa que ela não sabe o que é. Não compreende como ame tanto a solidão e ache tão insuportável viver sozinha....tem uma certa simpatia pelas pessoas complicadas e julga compreendê-las bem. Acha desinteressantes as pessoas normais. Diz que a sua extroversão é uma forma de introversão." Maysa

Você chega sozinho e é abraçado por muitos—ao menos um.

Quando você parte é abraçado por ao menos um para poder ir em paz.
De onde viemos e para onde vamos ninguém sabe, a não ser aqueles que vão, pois não possuímos memória suficientemente consciente para nos lembrarmos do lugar onde estávamos — ficamos em algum lugar antes de nascermos?
Portanto, o único momento que tem para nos unirmos às pessoas e criarmos laços, é nessa nossa rápida passagem pela existência terrenea.
O ser humano é muito complexo e acaba se enroscando em emaranhados psicológicos — muitos deles explicados por Freud — perdendo muito tempo em driblá-los ou convencendo-se que todo e qualquer problema decorrente de algum trauma é motivo para não criar laços.
Conheço gente que tem discursos lindos, mas completamente paradoxais às suas próprias atitudes, e que não se dão conta o quanto conseguem ser superficiais nesse sentido.

E me questiono: será que a vida tem sentido se passarmos dando apenas rasantes evitando o mergulho?
A vida nos dirá [ou não] e a morte também.
Para os crentes será sempre aprendizado para a[s] próxima[s] vida[s] —assim como um legado— pois tudo que fazemos aqui servirá contra ou a favor nas próximas.
Para os descrentes, é melhor não perder tempo com nossas complexidades internas.


A vida é curta demais para andar no caminho certo, mas na mão errada.

segunda-feira, setembro 17, 2007




Quando o silêncio se fizer mais
pesado ao redor de teus passos,aguça os ouvidos e escuta.

A voz do amor ressoará de novo na
acústica de tua alma,e as grandes palavras que os séculos não apagaram,voltarão
mais nítidas ao círculo de tua esperança.

Para que tuas feridas se convertam
em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em
triunfo.


São Francisco de Assis

quarta-feira, setembro 12, 2007

parte 2: hoje


As lágrimas secaram e a fumaça me envolve em um abraço amigo.
Que bom sentir novamente.
Sentir e não achar que, em relação à certas partes humanas, nada mais acontecia.
Olhar à minha volta e tomar exemplos esperançosos como amuleto e saber que um dia será a minha vez, é preciso me preparar para isso.

Fim do cigarro e começo de um novo tempo.

A barriga ronca anunciando novamente a comunhão das partes como um todo.

Que figura triste esta que se enganava achando que 'jogar' com as regras alheias traria felicidade ao coração frágil neste momento...

O medo da auto-promessa de se fechar novamente traz a consciência da amargura eminente.
Possibilidade detectada e imediatamente afastada.

É hora de levantar e recomeçar.
Afinal tudo tem sua hora.
Agora é meu momento.
Preciso do mar e de muita coragem.
Para voar novamente e alcançar novos horizontes.


E assim fechamos mais um capítulo,
mais uma porta que se fecha na espera de uma janela bem colorida se abrir.

ontem

A chama do cigarro é a unica coisa que me aquece o coração nessa madrugada fria.
talvez outra mulher tivesse aguentado o que passei, talvez soubesse lidar melhor.
E, das poucas palavras que escutei, pude perceber o quão sou imperfeita.

Me igualo, por um breve momento, quase imperceptível, [quissá] à unica pessoa que amei de verdade.
Isso foi há muito tempo.
Paro e me dedico à imagem de menina desprotegida procurando abrigo para toda sensibilidade.
Hoje penso se haverá lugar para ela em algum lugar.

Aceitar aquilo que me agride é saber viver de forma saudável?

Dói hoje.
Amanhã carregarei a certeza do adeus bem dado.
É uma página difícil, mas nem impossível, nem a primeira a ser virada.
Não vou olhar para trás, tão pouco me lamentar.
Como sempre, guardarei as coisas boas e o tempo se encarregará de me ensinar o que deve ser aprendido.

O balanço de histórias vividas me traz novamente à memória a pessoa que me ensinou a amar, a odiar, a ter medo e machucar.
Tudo aprendido/apreendido de uma só vez.
Seria isso possível?


Não sei ser algo diferente do que sou, sei ser eu em minha totalidade e ainda sei de algumas coisas que aprendi.
Aprendi também que chorar traz leveza, colocar para fora aquilo de ruim que está te machucando dentro, te livra do ferimento e da amargura.

Olhar para frente e tentar desembaçar a vista para enxergar o horizonte e às lindas coisas que estão a tua volta, é um exercício que se deve fazer todos os dias, principalmente quando se toma um tombo.
Quando se aprende, não se esquece.
Creio que é como andar de bicicleta.

A imagem de mim mesma sorrindo amanhã não anula a necessidade de sentir com toda sua força e intensidade a tristeza deste momento, por mais que a confusão tome conta do coração doído.

Não há colo que afague a dor, há a solidão acalentadora do sofrimento.
Há a musica capaz de levar para longe a cabeça transtornada.

Todos os dias tomamos decisões na vida.
Hoje tomei uma bem difícil para mim.
Mas decidi gostar mais de mim me valorizando.
Hoje optei por mim.

Sei que é uma semente que vai brotar um dia e que se, por ventura, eu não consiga chegar onde quero, nem encontrar real e efetivamente o que se possa chamar de espaço para que algo exista verdadeiramente, sei que no final eu tentei e será uma tentativa com muito aprendizado e legitimidade.

Já me sinto melhor, pois é tempo de curar, em todos os sentidos em todas as línguas.


segunda-feira, agosto 27, 2007

Absolutamente todo que passa en nuestra vida, nos cambia.
Cambia, todo cambia.

Cada encuentro nuevo, nuevas experiencias, nuevos sitios a conocer, un pajaro que llega cerca y te mira sin assustarse, um paseo con un amigo, una cerveza no planeada con personas que pueden cambiar un camino sin imaginarnos, una ventana descubierta dentro de un centro cultural con una rara flor, una charla sin pretencion escutando musica, una sonrisa que se regala, un gesto de gentileza, una mano que te assegura, una musica que se empieza cantando sola y encuentra otras voces, una caminata entre amigos, un tema polemico en la mesa del desayuno, una mirada en medio de la gente.


Vivir una cultura diferente y estar abierta para esta, conseguir mostrar quien soy entre gente nueva, saber y confiar como un gesto de acercarse, aprender a llevar personas en el corazon, estar abierto para encontrar nuevas situaciones, y saber vivirlas, comunicarse, ganar y oferecer algo, descubrir territorios internos, estar abierto a conocer otras personas y encantarse encantando a ellas tambien.Saber que el sol és lo mismo en cualquier sitio que se vaya.
dibujo Fede

Muchas gracias amigos
Soy otra ya...


sábado, agosto 25, 2007

Bons ares de Buenos Aires


A noite mal dormida trouxe a calmaria da ansiedade guardada há mais de um mês. O raiar do dia entrou pela janela aberta na va tentativa de aplacar o calor da chegada da partida.
O alarme que disparara na madrugada insistia em seu toque incessante dentro de minha cabeça se espalhando por toda vizinhança.
O carro parou sem me reconhecer como figura de espera -- voltou e sorrisos amigos foram reconhecidos. Podemos ir.
Caras boas e a grande vontade de viajar na bagagem de todos. Caminho livre para o vôo dos espirítos afamados.
Aeroporto: despedidas e separaçao de caminhos, agora os seis pés continuavam a caminhada por novos rumos. Arrumaçao e bagunça para sentarmos todos e para atravessarmos as próximas duas horas e meia juntos dividindo a mesma fileira aérea. Lanche e cortesia até o aterrorizante anúncio de um sinistro período de turbulência. A sensaçao de termos passado por alguns minutos balançando incomodamente naquelas frágeis poltronas, além de parecer incansáveis horas, me fez perder o apetite.
Outros passatempos se fizeram necessários para nos distrair como a histérica passageira que nao parava de falar no banco de trás e o angustiado menino do banco da frente que se virava de cinco em cinco minutos para conferir sei lá o que no fundo do aviao.
Viagem um pouco dura, mas aterissamos bem.
tempo bom, três estrangeiras recebidas em português pelo vizinho do mercosul -- onde trocamos nosso dinnheiro? como compra cartao telefonico? taxi? amigos?
Maratona completada: deixamos nossas malas e às três da tarde começamos nossa caminhada pela cidade que culminou em um jantar caprichado regado a Fernet --bebida nova aos nossos paladares cansados de andanças devorando tudo novo que nos aparecia na frente:
ruas cheias de taxi, recoleta, cemitério, igrejas, música brasileira na rua, lua crescendo, pessoas, centro cultural, fotos, locutórios, risadas, pessoas, fotos, vento frio, luzes noturnas, fotos, frio, fotos, pessoas, pessoas e pessoas, além da lembrança da primeira refeiçao feita em solo argentino na mesma tarde, regada a Quilmes,cerveja local acompanhado da folheado doce de atum e saltenha de queijo com cebola.
Depois disso, mais caminhadas até parar em uma festa que me levou para cama às 5h30, completando assim 48 horas no ar.
em ar.
com muito gás.
ficando um pouco sem ar.

domingo, agosto 12, 2007



A leveza da alma transparece até nos menores gestos.
O corpo lavado denuncia toda satisfação que exala pelos poros recobertos de história.
O olhar atento não deixa escapar o fio da reconquista de si mesmo.
O silêncio estridente penetra na garganta e o cheiro sereno da tranqüilidade inunda o ambiente.
O avião que corta o ar.
O carro que não segura a buzina.
E novamente o silêncio
Interno externo internamente
O corpo flutua
A mente alcança
A vontade existe
E o bater de asas me leva para longe
Mesmo sabendo muito bem onde estou
Finalmente sabendo onde realmente me
Encontro encontrando
De fato meu reflexo

sábado, agosto 11, 2007

sensazioni


Cuidar de si mesmo é um exercício.
É um simples pensamento que começa com um gesto.
A vida é recheada de grandes desafios e neles descobrimos do que somos capazes.
Buscar o encontro de si mesmo já é o maior de todos.
O vazio que julgava ser de tua ausência, reconheço dentro de mim, não como ausência, mas como espaço a ser preeenchido.
Momentos finais antes de iniciar o primeiro gesto de um simples pensamento, me paralisam e me fazem olhar para trás na vã tentativa de resgatar o impossível.
A jóia dos relacionamentos continua igualmente importante, o cuidado com o entorno é que se torna mais constante.
Em um breve respiro, desejo um mundo onde possamos ser não mais do que nós mesmos, e no sopro do vento gelado, encontro a realidade.
Me sento aqui ao lado da cama vazia iluminada apenas pela fraca luz do abajour e tento traçar estratégias para preencher o que falta.
Estou só, a decisão é unicamente minha e a sensação da saudade de tempos ainda não vividos machuca meu coração.
É preciso deixar as lágrimas levarem o que dói, clareando para encontrar, em meio ao desfoque ocular plenamente sentimental, o que é de fato importante.
Para finalmente poder enxergar o possível, o atingível e o realisticamente conquistável.
Fecho os olhos para obter boas energias para o dia de amanhã
.

quinta-feira, julho 12, 2007

declaração de amor




esta noite roubei momentos silenciosos teus --tua serenidade é apaixonante.


quase escuto seu respirar se não fosse a forte música de Bach preeenchendo os espaços vazios do quarto.


a fraca luz amarela que invade o quarto é suficiente para iluminar teu harmonioso rosto quase imóvel se não fosse por alguns momentos de movimentação no meio do sono --como se sentisse meu olhar extremamente e insuportavelmente terno sobre teu descanso.


o orgão de Bach enche o ambiente e me enebria; a única coisa que penso é te abraçar e dizer o que sinto por ter-te na minha vida.


teus pequenos movimentos --como você--denunciam a influência da música e talvez meus ruídos delatores invasivos em seu território são quase imperceptíveis.


estou transbordando de amor e minha reação é olhar-te mais profundamente como desejando roubar-te momentos de total vulnerabilidade.


meu olhar percorre teu pequeno corpo que jaz inocentemente sobre o cobertor que irá te aquecer nas horas de frio intenso no final da madrugada.


tudo é lindo: a meia que você adora, o pijama que fica curto a cada dia denunciando o umbigo desprotegido, o coçar do olho no momento de quase acordar para somente trocar de posição.


virando para meu lado, você abraça o pimpão e se coloca na posição fetal, na qual esteve por meses até conhecer este mundo.


como você é especial


como você é único


como você é forte


como você me ensina


como você me faz companhia


como você me dá trabalho


como você me alegra


como você é pequeno


como você é grande




um pequeno grande homem que ilumina tudo ao seu redor quando sorri

segunda-feira, junho 04, 2007

poesia da solidão


da primeira vez que te vi

você não estava só

é só.

te vi e queria estar ao teu lado,

me coloquei

você ficou só

e quis assim ficar

assim ficou


estou só

sem você


somente mais um desencontro

depois de um descolado encontro

quinta-feira, maio 31, 2007

roubaram a franz schubert

foto zé pedro

a música instrumental de artur nestrovky me levou de volta às ruas da cidade jardim, onde tive uma visão que me deixou quase que chocada, não fosse o susto da nova imagem que se formou em minha retinas amanhecidas.

o antigo ponto de encontro de uma geração nos anos 80 na famosa cidade jardim, com suas marcantes casas noturnas, onde abrigavam iniciantes baladeiros, já não existe mais.

sim, as casas noturnas que recebiam aqueles jovens aspirantes à fase adulta aos finais de semana, não se encontram onde as deixamos e, no lugar delas, há um gigantesco prédio.

um, apenas um, monstruoso, que nos dá a certeza de não ter sobrado absolutamente nada, além daquilo que carregamos em nossas memórias.

e isso tem acontecido com a cidade de modo geral.

eu vivo aqui desde que nasci, salvo períodos que passei fora, sempre estive acompanhando o crescimento assustador da cidade.

há lugares que passo na vila madalena, por exemplo, que estão completamente descaracterizados devido à demanda da cidade.

outro dia fui para os lados do shopping morumbi, local que há muito não ia, e na volta pela marginal, quase bati o carro ao vislumbrar a magnânima construção que ali cresce velozmente à beira da avenida berrini.

o que é isso meu deus?

me senti em um filme antigo, onde me encontrar diante de tal construção seria justificável por ser uma obra faraônica. sim, aquilo que vi é de fato algo faraônico, e acho que o que mais me assustou foi constatar que a obra é mais alta que os prédios que beiram a marginal.

me entristece ver impotente nossa cidade mudar dessa maneira. sei, é para o bem de todos, muitos carros, muita gente, muita demanda. até fico aliviada em ver também iniciativas como a do pomar, que está trazendo o verde ao alcance de nossos olhos, seja à beira da marginal, seja onde for, pois o que mais sinto saudade é da cor verde que está assustadoramente sendo substituída pela cinza.

sinto que agora podemos de fato chamar nossa cidade de selva de pedra, tão raro ver o que se chama de selva literalmente...

foto thomas rohrert

terça-feira, maio 29, 2007

amizade


foto c. arruda


a amizade deve ser linda,
simples e
pura
pra fluir bem.
ela tem que vir com as melhores intenções,
daí tirar as melhores trocas e encontros que podem ser levados por toda uma vida.
uma amizade pode parecer boba, ingênua, mas ela pode ter o poder de muitos.
ela ajuda, constroí, nos faz ver a nós mesmos, nos ensina o que é o companheirismo, a incondicionalidade sobre as relações, a paciência com o próximo, nos faz rir de nós mesmos e nos faz crescer.
amizade é troca constante.
perder uma amizade é perder parte de si, de uma história.
saber conservá-la é saber se valorizar e cultivar coisas boas na vida.

cada amizade é unica.
cada encontro é especial.
cada olhar aprofunda.
cada toque aproxima.

amizade para saber, só vivenciando.

quer ser meu amigo?

terça-feira, maio 22, 2007

t.o.q.u.e.




o toque, sem registro, é apenas o toque.


prazeroso e duradouro enquanto dure, na vã tentativa de aprofundar os laços, esbarra no próprio gesto de tocar.


o ser tocado sem tocar.


imagem esta que perdura e se faz confirmada pela falta de zelo das informações passadas e intimidades trocadas.


o ar blazê de não sei, não soube e não me interesso em saber se coloca na balança das coisas importantes.


a balança pende sem chances de empate.


e a partir daí, a escolha a ser feita: insistir na tentativa do efetivo toque dentro do iminente risco de ser [efetivamente] tocada, ou buscar o ser que se deixe tocar sem medo do real toque daquele que deseja tocar e ser tocado.

conversa íntima



não sei ao certo se posso/devo/consigo fazer das tuas as minhas convicções.

claro, cada um tem uma bagagem de vivências, assim como de medos, de traumas, de alegrias e de ponto de vista.

olho no espelho e vejo uma mulher formada-no interior creio muito longe disto- mas seria bobagem crer que poderia encontrar alguém para crescer junto? Alguém que pudesse dividir meus medos mais profundos assim como minhas maiores conquistas?
será que perdi o bonde?
será que, em algum lugar eu peguei outro caminho fazendo escolhas que julguei acertadas para a época e para aquilo que acreditava precisar viver; e nessa retomada de estrada, já não tenho mais os sapatos certos para esta caminhada?

afinal não somos os mesmos, não somos iguais às pedras que encontramos pelo caminho.

acredito em muitas coisas e acredito que posso mudar o que acredito, mas me agredir para tentar acreditar em coisas que nunca acreditei, já acho que vai contra a minha natureza.

desculpe, mas não posso ...

... preferível te perder a ficar ao teu lado sem ser eu mesma.

segunda-feira, maio 21, 2007


lembrei-me da garrafa que jaz na geladeria até hoje.

não foi suficiente.

lembrei das risadas dadas com tanto entusiasmo.

não foi suficiente.

lembrei-me dos dias passados tão intensamente diante do computador, como num suspiro desesperado pela presença do outro, em dias de passado remoto.

não foi suficiente.

não sou daquelas de dar bronca, pelo contrário, sou até sutil demais aos mais desavisados.

mas isso também não foi suficiente.


e tua não sutileza me atropelou em inúmeros telefonemas enloquecidos por um papo vazio, desavisado de mágoas recentes.

a garrafa está lá ainda, e eu, sem saber ao certo que destino dar a ela, deixo-a, como deixo nossa amizade na geladeira.


até o tempo se encarregar do resto.

domingo, maio 20, 2007

engano real


e quando achei que estávamos dando um passo para frente, olhei atráves do vidro embaçado e pude enxergar os dois passos para trás que de fato demos.


me retraio no frio que me abriga e saio de cena para pensar se aceito-te assim, ou se simplesmente levarei minha vida do jeito que estou pronta para levar.
pois sinto que estou pronta.


e imaginar que foi um encontro desencontrado.

chorar o que tenho pra chorar e seguir sem olhar para trás.

sem pensar tanto no famoso

'podia ter sido você'...

quarta-feira, maio 16, 2007

sonhos


entre sonhos, devaneios e entrelaçar de pernas, o desenho de duas rosas se fez nítido; uma branca e outra negra, em um balé perfeito na noite escura.

senti ainda mais: um conjunto de cubos transparentes que se encaixavam ao longo dos corpos num infindável jogo de preto e branco.

a tranquilidade do sono de depois se perdeu depois do beijo de despedida.

devo confessar que o exercício de abrir a porta de minha casa não foi fácil, mas também me trouxe a dificuldade de deixar-te ser engolido pelo gélido ar da madrugada, abandonando sua imagem esfumaçada na penumbra.

o radio ligado que antes nos acobertava, se tornou vazio e a risada da lembrança dos pés descobertos fora da cama se fez presente.

em meio a sonhos, devaneios, e entrelaçar de corpos, as cobertas nem foram ajeitadas devidamente.

e o teu cheiro ficou, assim como o calor de suas mãos em minha pele.

fechei os olhos e sonhei novamente.

terça-feira, maio 15, 2007


a noite fria nao era convidativa ao melhor dos passeios.

sai mesmo assim.

o vento gelado cortante me deu a certeza de ter escolhido bem o casaco pego no último minuto.

andei alguns metros quando notei, através da sombra no chão, uma segunda figura que me acompanhava. virei-me imediatamente e identifiquei uma figura masculina, nada suspeita, mas que, nitidamente se embaraçou com meu olhar curioso e repentino.

mudei de calçada e ele me ultrapassou do outro lado da rua.

segui meu caminho imersa em pensamentos, quando fui acometida por um fato novo: ao sentir estranha presença em minhas costas, me virei subitamente.

reconheci a mesma figura masculina desenhada no chão sujo metros atrás.

a incompreensão foi imediata: eu havia acabado de deixá-lo do outro lado da rua e lá estava ele, quase que grudado em mim.

meu sobressalto o deixou mais embaraçado ainda, mas logo sacou a chave de seu bolso deixando bem claro que nosso furtivo encontro terminaria ali, naquele portão.

segui e me vi sozinha olhando para o prédio de amigos-vizinhos pensando se deveria tocar a campainha ou não. optei pela segunda alternativa e segui pela calçada fria até de deparar com a própria vizinha fora de casa.

após abraço caloroso, a tentativa ao longo de dez minutos de colocar a vida em dia , mas principalmente saber uma da outra na tentativa de abafar a distância e a falta de convívio.

os inevitáveis e incessantes questionamentos de minha ausência prolongada no conhecido ponto de encontro me suscitaram um certo incômodo, pois nao consegui efetivamente me explicar.

após despedida, continuei meu caminho até me sentar na mesa do bar de esquina tão familiar na tentativa de me aquecer em minhas palavras no caderno surrado que levava debaixo do braço.

o telefone tocou e assim se configuraria mais um encontro...

quarta-feira, abril 11, 2007

carta


oi esther,
sempre ligada estou aqui, com o newton no coração levando essa dúvida de porques sem respostas aqui dentro de mim.
o tempo voa e 6 anos se passaram daquele telefonema que fez minha visão escurecer em pleno trânsito de são paulo anunciando tão triste notícia.
lucas esta com 6 anos e nunca me esqueço do newton falando dele, que queria conhecê-lo,... deus, parece que foi ontem!
sei que sumi e não mandei as fotos que tenho dele... mas achei um desenho que fiz quando passamos nosso primeiro final de semana juntos aí na casa de seus pais. ele dormia quando o captei com meus traços rápidos do lápis no papel antes que ele acordasse. mal sabia eu que ele era bem dorminhoco. quero te mandar esse desenho tb, mas preciso escanea-lo...e estou de mudança com a vida de pés pra cima, buscando minha autonomia nessa cidade suja e cara, ufff!
não ficarei me queixando, temos muita coisa que viver e outras tantas para trocar.
de uma maneira ou outra, newton nos uniu e cá estamos trocando figurinhas, de nossas vidas, e de quem nos deixou tão cedo.
justa ou não essa partida prematura fico feliz, todos os dias, de ter a lembrança dele em minha vida.
um grande beijo pra ti, teu brother, pro teu pai, e pra maria paulistana, que me acolheu tão calorosamente em sua casa.
essas são minhas palavras para você e para todos ai.
de alguém que também tem o newton no coração.
carinho
lara

terça-feira, janeiro 09, 2007


O relógio anunciava a hora avancada: 1h30 da manha quando meu celular tocou. Achei que fosse algum amigo brincalhão, visto que eu acabara de receber um telefonema do genero.
Antes de atender verifiquei o numero: era meu irmão.
Atendi apreensiva pensando no motivo do telefonema aquela hora da madrugada. Ao dizer 'alô'meio desconfiada, desconfiado estava meu irmao do outro lado da linha. Ele falava normalmente, pausadamente, me perguntando onde eu estava e se estava tudo bem. Achei tudo muito estranho, pois aquele tipo de conversa voce tem de dia, não de madrugada. Fiquei aflita, não aguentei e perguntei o que tinha acontecido e com quem.
Ele tentou de maneira mais calma me contar que estava acontecendo algo sim, e comigo.
Parecia haver um grande zum zum zum de vozes por trás de sua voz receosa.
Entao ele fez um pedido estranho: que ligasse em seu celular para que ele se certificasse de que estava tudo bem. Sem entender muita coisa, obedeci. Depois com mais tranquilidade, explicou que haviam ligado para minha mãe dizendo que estavam comigo na favela ameaçando de morte uma hipotética filha de família raptada naquela mesma noite.
Até agora nao entendi muita coisa devido ao nervosismo de minha mãe, coitada –achando que sua única filha estava nas mãos de seqüestradores do PCC, daqueles que ligam a cobrar em sua casa, quebrando a traquilidade familiar atrás de dinheiro usando de mentiras.
Muito me assustei ao ouvir da boca de minha genitora que eles sabiam tudo de mim. Como? Me senti vigiada, invadida, exposta, desprotegida e o sentimento da raiva invadiu meus instintos: droga de cidade!
Na verdade são sábios malandros que se aproveitam do nervosismo de mães aflitas que vão soltando informações sobre filhos supostamente sequestrados, dando o alimento necessário para assustá-las ainda mais.
Soube que foram 15 minutos de negociãções até acordarem meu irmão que teve o espirito de ligar em meu celular para verificar a veracidade de tudo aquilo, visto que eles matinham meu pai no telefone fixo e minha mãe no celular a fim de evitar que ele entrassem em contato comigo.
E por mais que meu irmão agora ouvisse minha voz, mesmo assim quis se certificar pedindo que eu ligasse de volta confirmando meu bem estar. Pronto, confirmada minha presença em casa, telefones foram desligados e retirados do gancho.
Percebi que de nada adianta [um pouco talvez] saber desse trotes horrorosos pela internet, do que acreditamos nunca acontecer com nossa família.
Estou relatando justamente o que aconteceu comigo nesta madrugada, o que aconteceu desta vez com a minha família.
Este pequeno pesadelo invadiu a tranqüilidade de um simples lar paulistano de maneira arrebatadora, invasiva, sem pedir licença alguma. Deixou a todos apreensivos, nervosos com a violência que, a cada dia nos invade, e estamos a mercê disso.
E penso: porque atender a uma chamada a cobrar achando ser um filho ou um irmão em apuros que pode, de fato, estar precisando de ajuda? Não, a ordem e mudar os números de telefone, pois no desespero de imaginar um ente querido em perigo faz qualquer coisa, menos lembrar dos avisos daqueles emails com histórias de outras pessoas que passaram pela mesma situação.
Meu irmão antes de desligar comentou: que bom que não passou de um trote, todos tem uma história para contar, agora nós temos a nossa. Triste estatística.
Você pode estar em casa e um telefonema a cobrar mudar tudo o que esta acontecendo, e não passar de uma mentira, assim esperamos, que não passe de um susto. Mas qual o custo do susto? Ficarmos mais desconfiados? Olhar mais a rua quando chegamos e saímos de casa? Mais que o usual? Telefonar de 5 em 5 minutos para seus familiares para dizer que esta tudo bem?
Pode acontecer com você, com teu amigo, com teu vizinho.
Hoje aconteceu comigo e fico aqui tentando lidar com esse sentimento de impotência e percebo que somos reféns dessa violência descabida.
Como faço para dormir esta noite?