
a noite fria nao era convidativa ao melhor dos passeios.
sai mesmo assim.
o vento gelado cortante me deu a certeza de ter escolhido bem o casaco pego no último minuto.
andei alguns metros quando notei, através da sombra no chão, uma segunda figura que me acompanhava. virei-me imediatamente e identifiquei uma figura masculina, nada suspeita, mas que, nitidamente se embaraçou com meu olhar curioso e repentino.
mudei de calçada e ele me ultrapassou do outro lado da rua.
segui meu caminho imersa em pensamentos, quando fui acometida por um fato novo: ao sentir estranha presença em minhas costas, me virei subitamente.
reconheci a mesma figura masculina desenhada no chão sujo metros atrás.
a incompreensão foi imediata: eu havia acabado de deixá-lo do outro lado da rua e lá estava ele, quase que grudado em mim.
meu sobressalto o deixou mais embaraçado ainda, mas logo sacou a chave de seu bolso deixando bem claro que nosso furtivo encontro terminaria ali, naquele portão.
segui e me vi sozinha olhando para o prédio de amigos-vizinhos pensando se deveria tocar a campainha ou não. optei pela segunda alternativa e segui pela calçada fria até de deparar com a própria vizinha fora de casa.
após abraço caloroso, a tentativa ao longo de dez minutos de colocar a vida em dia , mas principalmente saber uma da outra na tentativa de abafar a distância e a falta de convívio.
os inevitáveis e incessantes questionamentos de minha ausência prolongada no conhecido ponto de encontro me suscitaram um certo incômodo, pois nao consegui efetivamente me explicar.
após despedida, continuei meu caminho até me sentar na mesa do bar de esquina tão familiar na tentativa de me aquecer em minhas palavras no caderno surrado que levava debaixo do braço.
o telefone tocou e assim se configuraria mais um encontro...
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