terça-feira, junho 10, 2008

Abri os olhos sobressaltada com a voz masculina que irrompia no escuro silêncio do quarto.
já era manhã.
A dores do corpo haviam sumido dando lugar a um temporário bem-estar que sabia, não iria durar muito.

Forcei abrir os olhos
Forcei levantar-me
Forcei comer algo no café da manhã.


Fui atendida às 8h30
Seus olhos: de mãe
Suas mãos: de anjo
Seu cuidado: inigualável
Na porta lia-se "Dra Basile"
Senti-me em casa, me senti cuidada.
Do 5o andar, passei para o 2o andar em questão de minutos.
Agora estava no chamado subsolo e a sensação claustrofóbica só fez aumentar casa vez que adentrava em ambientes menores com mais gente aglomerada, como se isso fosse possível.
Conquistei a simpatia da atendente que trocou palavras e informações comigo. Explicou-me como tudo funcionava ali.

O mal-estar chegou com todas as forças, um grande auto-controle me segurou.
Abstrai toda aquela gente e a evidente falta de espaço que exalava ansiedade e angústia.
Fiquei perto dos guichés de atendimento a fim de buscar um pouco de ar e tentar a sorte de uma cadeira. A espera seria longa, eu sabia.

Comecei a escrever, tentar ocupar minha cabeça, olhei para os rostos cansados que passavam pela mesma coisa que eu--não identifiquei ninguém que se parecesse comigo.
Eram rostos judiados, viajados, cansados de guerra. Rostos estrangeiros, idosos, secos pelo duro sol, rostos desesperançados, rostos simplesmente diferentes, apenas rostos.
Quando finalmente me sentei para aliviar o mal-estar após quase ter me colidido com uma senhora desesperada por uma cadeira, me deparei com uma parede à minha esquerda, um rapaz com fones no ouvido, seus piercings e all star vermelho e a fúria de escrever que logo cansou-me e pude repousar meu exaurido corpo.

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