sábado, junho 14, 2008

ao entrar neste hospital e fazer parte do cotidiano desta realidade, me vejo como uma pessoa abençoada.
este povo não tem a quem recorrer, possui este tipo de atendimento e aqui acaba se concentrando uma grande parcela das desgraças físicas-sociais de nossa sociedade como deformidades nasais, físico-pessoais etc
e eu aqui no canto no final da sala vejo como sou de fato abençoada.
a senhora que desesperadamente tenta secar seu pedido de exame com a manga da blusa,
a voz masculina que metalicamente canta os nomes escolhidos,
a sala parece que se encheu,
o rapaz ao lado fecha seus olhos por um minuto, mas no outro parecia preocupado em voltar para este ambiente.
cada um cuida de sua vida, sorte daqueles que vieram acompanhados.
tenho que evitar fortes emoções, tento não em envolver com o ambiente, prefiro não ver a mulher grávida nem a senhora em pé, terei que me levantar: meu senso de humanidade não me deixaria sentada.
o tempo passa
Finalmente cedo meu lugar à senhora oriental.
meu martírio recomeça, procuro uma parede para me escorar, mas não encontro.
volto para perto de onde estava sentada --a luta por cadeiras vazias deixadas após a metálica voz anunciar nomes e nomes que ecoam pela sala.
olho impassiva para esta loucura --um senhor se apressa para sentar diante do olhar incrédulo de uma grávida em pé que desejava o mesmo assento. como ele não viu? ele não, outros sim, o que despertou sua consciência.
meu bom senso me recompensou: meu ex vizinho foi chamado e levou seu all star vermelho para dentro da sala de exames.
meu mal estar já não me sufoca, acredito poder controlá-lo, sento-me e volto a esperar.
tenho medo apenas de tirar sangue e aí sim pegar o atestado de desmaio...............

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