terça-feira, janeiro 11, 2011

super o que?



Sou supersticiosa, isso é fato. Desde que tenho consciência do significado da palavra, a sigo e respeito profundamente desde os rastros mais superficiais até os mitos mais profundos.

Algumas crendices carrego da adolescência, como falar pão com manteiga ao se deparar com algum obstáculo físico entre duas pessoas que caminham lado a lado na rua para que não haja discordia entre elas ou não passar por debaixo de escadas encostadas em paredes. Outras aprendi pela vida e experiência como escutar aquela vozinha discreta que nos sussurra ao pé do ouvido dizendo para não pegar aquele caminho e virar na próxima esquina.

Acho que devo isso às minhas raízes mineiras, berço de muitas histórias sensasionalistas, outras apenas reais. Quando descobri que o lugar onde minha infância frequentou era a terra do famoso Chico Xavier, dei uma outra conotação às histórias que minhas tias e primos contavam. Comecei a olhar esses causos de maneria mais apurada e me abri para enxergar outros lados desse prisma.

Apenas quem convive comigo sabe que sou daquelas pessoas que dão importância às sincronicidades que nos são apresentadas na vida, muito discretas às vezes, mas que insistem em aparecer entre um dia e outro, no sonho ou na semana seguinte e por aí vai.

Algumas pessoas que me tem no convívio mais próximo não compreendem isso, outras ultrapassam meus limites, desafiando até minhas crenças, que prefiro manter de maneira mais discreta. Fato é que, ao abordar determinados assuntos, as pessoas nos mostram o quanto são crentes ou não e nos sinalizam o quanto devemos abordá-los em sua presença. Assim tomamos o devido cuidado com quem nos abrir, com quem falar sobre.

Meus amigos sempre ouvem algo aqui ou acolá de minha parte, alguns aprendem que essa é minha maneira de ser e sempre damos um jeito de equilibrar as coisas, usando o bom senso nas abordagens em geral. Os amigos se respeitam e mesmo que não compreendam algumas coisas, apenas escutam e não opinam. Outros já nos mostram sua face cética e deixam claro não querer falar sobre o assunto. Outros ainda se interessam e deixam que a curiosidade os leve a ouvir novas coisas, novos assuntos e novas teorias que podem nos levar a novas percepções de vida. Minimamente outras abordagens de nossa essência e do que aprendemos nessa nossa rápida passagem pela vida.

Neste Natal fui presenteada com um patuá. A corrente dourada pendia de um lado um olho grego[ou turco] e do outro um coração com sal grosso. A proteção contra o olho gordo se equilibrando com o sal, que tem a propriedade de atrair e destruir energias de baixa vibração, ou seja, o que chamam de "energia pesada" do astral.

Sai uns dias e deixei meu patuá dentro da cestinha de brincos na minha casa e me mandei para a praia, não iria levá-lo para o mato, pronto.

Saí em um ano e voltei em outro. Cheguei em um dia e no amanhecer do outro, levantei-me e pronto, o choque do batente da porta de madeira resultou em uma fratura transversal da segunda falange do quarto pododactilo. Que dor.

Fiquei com o pé pra cima uma semana inteira enlouquecendo, pois para quem está acostumado a ficar zanzando para cima e para baixo desde a hora que acorda até a hora que vai para a cama, mudar o ritmo da manhã para a tarde é algo que troca tuas perspectivas. Senti o que é ser limitado em termos de movimentação, votei a escrever e resgatei o antigo hábito de leitura, até reativei o abajour no criado mudo e dei o que meu corpo precisava: ralentar o ritmo. E como eu não havia obedecido, simplesmente tive que parar.

Enfim, dias passados, ainda convalecente, em meu primeiro dia debutando como alguém que sairia após dias de clausura no apartamento em Perdizes, banho tomado e tudo, lembro-me que o patuá havia sido esquecido desde o ano passado. Quando identifico a corrente dourada no meio dos brincos, dediquei-me a desenroscá-lo, coloquei-o no pescoço e sai pulando porta afora.

No hospital, à espera do raio X, pensei que teria que retirar o patuá para tirar a chapa, logo me adianto e chocada fico ao notar que o coração com o sal grosso está simplesmente quebrado apesar do olho turco está intacto.

Ele servia pra me proteger do que mesmo?

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